Semelhanças e
diferenças: sequência vs função vs morfologia
Como já tenho dito anteriormente, não é obrigatória a mesma
sequência (genética ou de aminoácidos numa proteína) para que uma função
semelhante seja desempenhada. Algumas pessoas podem ver isto desta maneira: quando
têm a mesma sequência e a mesma função, isso é produto da evolução, mas quando
o contrário acontece, também é produto da evolução. Assim, a teoria acomoda
dois cenários mutuamente exclusivos.
Uma explicação muito simples é que não são mutuamente
exclusivos e não há nada de errado relativamente á teoria da evolução: esta não
prevê nem um nem outro na generalidade, mas nenhum entra em choque com a
teoria, sendo que o facto de não ser necessária a semelhança sequencial para
funções semelhantes é favorável ao uso da evidência molecular como apoio.
Muitos críticos religiosos da teoria da evolução têm
afirmado que no que respeita á morfologia, ao nível genético as semelhanças
morfológicas não seguem - genes idênticos codificam estruturas distintas, e
estruturas idênticas são codificadas por genes distintos. Mesmo se isso
corresponder á realidade, não têm que seguir. A parte molecular pode ser
preservada semelhante, mas mudarem as estruturas e os genes sofrem mutações,
portanto é normal que passem a originar estruturas diferentes ao longo do
tempo.
Padrão genealógico
e fósseis de transição
A teoria da evolução é evidenciada pelo padrão genealógico
total incluindo os fósseis, dos quais se destacam os fosseis de transição. Mas os
criacionistas usam e abusam de apresentar citações fora do contexto (“quote
mining”) e depois enganam os crédulos e um exemplo disso é espalharem pelo
mundo fora (através da internet) que o Dr. Colin Patterson do Museu Britânico afirmou
que não existem fósseis de transição. Isso é uma mentira que os criacionistas
andam a espalhar desde os anos 80. Os fósseis aos quais se referia o Dr. Patterson
eram os ancestrais directos e não os fósseis de transição (1).
Para mim foi difícil de acreditar quando li a data em que
expressão que os criacionistas costumam citar foi redigida (numa carta), pois
actualmente esta ainda é usada pelos criacionistas e originalmente foi escrita
em Abril de 1979 e depois começou a “circular”, sobretudo através de uma
compilação de citações fora do contexto redigida por criacionistas que foi
publicada nos anos 80 e mais tarde em 1990.
Referências:
- «Patterson Misquoted», Lionel
Theunissen, 1997 (disponível aqui: http://www.talkorigins.org/faqs/patterson.html)
*
*Nota: Pode ser visualizada uma digitalização da carta
original do Dr. Colin Patterson, assinada pelo mesmo, a clarificar o ocorrido
através do endereço da referência.
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