sábado, 28 de novembro de 2015

Psicopatia vs Sociopatia: Que confusão!

Que confusão! Até pessoas estudantes de psicologia e pessoas que escrevem artigos que são publicados em revistas científicas da área usam esse termo obsoleto e causador de confusão para se referirem à perturbação anti-social da personalidade.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A "lógica" do Stephen C. Meyer

A (falta de) lógica do Stephen C. Meyer:

Stephen C. Meyer: We know what produces information, codes, etc.: humans! Because we see these things in living things, then we must conclude a god did it! Because we in fact know that a disembodied intelligent being who does that kind of stuff can and does exist... right?

domingo, 1 de novembro de 2015

Ciência vs Superstição: miscelânia criacionista

Pois bem, a última dos criacionistas é jeitosa. Dizem eles que existem sim evidências do sobrenatural registadas e que vêm do campo da medicina. Referem coisas misteriosas e inexplicáveis sem especificarem exactamente a que se referem. Mas vamos lá: sim, há de vez em quando uns relatos assim de curas inexplicáveis, mas inexplicáveis através do conhecimento actual não significa necessariamente sobrenatural. Outra das coisas é os relatos de vida depois da vida, mas isso tem explicações alternativas boas que não envolvem almas ou espíritos (actividade cerebral quando se pensa que a pessoa já está completamente morte, por exemplo). Também já houve bastantes casos de fraude de pessoas que precisavam de atenção e dinheiro.
Os criacionistas também "explicaram" (com muitas aspas) a origem da vida tendo por base a sua "teoria" (também com muitas aspas) do criacionismo do design inteligente da seguinte forma:

Um designer vivo e Inteligente, com sua natureza imaterial, fez o planeta Terra possuir os princípios antrópicos que permite a vida orgânica, reuniu alguns elementos inorgânicos presentes neste planeta, os transformaram em orgânicos, os organizaram em uma máquina irredutivelmente complexa, cheia de “motores celulares” e informação, e ao estar pronto e estático (como um ser “morto”), cedeu parte de seu elemento imaterial (que é a vida) fazendo esta máquina “viver”

A gramática não está grande coisa, mas dá para perceber a ideia: o designer (deus) fez tudo isto usando uns quantos químicos não especificados que reagiram de maneira não especificada e pronto. 
O pior é que depois têm o descaramento de dizer isto: independentemente dos pormenores, eu consegui expor, resumidamente, a ideia. Tu não consegues fazer o mesmo? Por gentileza, se puder, me guie de forma resumida e lógica, a tua visão, para eu realmente analisar se a hipótese naturalista é realmente plausível, conforme alegaste.
Pois... o oponente tem que saber praticamente tudo sobre os trabalhos que foram feitos nesta área e saber, claro está, qualquer coisa de bioquímica pelo menos. Mas tudo o que eles têm que fazer é dizer que o designer fez as máquinas moleculares e a vida juntando uma data de químicos e inserindo uma espécie de alma (será isso) nos seres vivos. Boa. Uma criança do 5º ano certamente faria o mesmo trabalho ou melhor. Mas eles têm que se gabar subtilmente da sua grande proeza que foi nada mais nada menos do que um grande "deus fez"! 
Mas eu sou simpática e de facto sei alguma coisa de bioquímica e vou responder: 

O meu muito breve (e incompleto) resumo, é algo assim: vendo bem, as moleculas de DNA ligam-se através do grupo fosfato ligado a uma pentose, por isso se eles tinham originalmente 1 grupo fosfato nesse sítio cada um, um dos grupos sai para fora, sendo uma reacção de desfosforilação. O que os cientistas fizeram foi recrear em condições pre-bióticas plausíveis (com os reagentes e as outras condições que provavelmente existiam na altura) uma reacção que estabelecesse uma ligação dessas entre as várias pentoses (ribose ou no caso do DNA desoxiribose) que se encontram ligadas às bases azotadas que compõem o DNA. E conseguiram que se formassem moleculas curtas de DNA. Sabe-se ainda que em condições também compatíveis com cenários pré-vida lípidos formam vesículas com membranas semelhantes às actuais. provavelmente os ácidos gordos foram os pioneiros na formação da membrana porque são estáveis para se acumularem. A estes ter-se-ia adicionado mais um grupo químico e teria ocorrido a fosforilação (daí fosfolípidos). Estes ácidos gordos também permitiam a entrada de outras moleculas. Estas vesículas podiam conter o primeiro material genético por assim dizer, que se pensa ter sido o RNA. Sabe-se também que certas moleculas de RNA são capazes de se auto-replicarem e evoluírem, mas a hipótese do RNA world em si não é ponto assente entre os cientistas. Escusado será dizer que já foram produzidos alguns tipos de nucleótidos em experiêcias que procuravam simular os ambientes primitivos e foram sucedidos porque se desviaram das vias mais tradicionais usadas em várias tentativas anteriores.Quanto ao código genético, este provavelmente surgiu por processos estocásticos (pesquisar simulações monte carlo).
Agora aqui fica o link para uma boa base de dados para procurar referências: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/


Referências: 


Nota: O texto comentado nos links fala de mais uma evidência sobre a teoria do big bang sobre a qual os criacionistas mais uma vez tentam lançar dúvida - não só sobre a evidência, como também sobre a teoria em si. Aquilo que é chamado de “avisos” no texto é apenas referente ao facto de que na ciência nada é dado como definitivo e geralmente os cientistas têm a tendência a verificar os factos e as evidências várias vezes e este caso não é diferente. Isso não significa que as evidências disponíveis não apoiem a teoria. Não há exactamente uma única descoberta com uma “prova” (aliás, esse termo é para a matemática não para a ciência) definitiva para uma teoria ou hipótese, normalmente. É o mesmo que a teoria da evolução e que eu saiba esta evidência que aqui aparece é só mais uma das muitas que existem a favor do big bang já confirmadas:https://en.wikipedia.org/wiki/Big_Bang#Observational_evidence

P.S:: eu continuo a comentar nos blogues dos criacionistas e a refutá-los, mas eles não sabem. 


sábado, 31 de outubro de 2015

FAQ (Parte V): Magia

Este é o último texto da série e o mais curtinho, mas nem por isso o menos hilariante, antes pelo contrário…

5. O naturalismo metafísico, é magia pura por definição… Sem mais nem menos e “puff” surge o universo e “dentro” desse universo … Puff surge matéria, energia, e essas coisas dão origem através de “puffs” a toda sintonia, a informação, a eventos quânticos contrários a física clássica, dão origem a vida e a seres racionais, conscientes da própria existência… É um fenómeno e só, é uma magia em si mesma.

Não, nós explicamos, quem não explica os mecanismos da criação são os criacionistas. Isso é que dá a ideia que é mesmo um grande “puff”. Eu acho piada… gente que acredita literalmente em cobras falantes possuídas pelo diabo ou que são literalmente o diabo (já tenho ouvido ambas as versões) que acreditam que um carpinteiro transformava água em vinho e também em varas de porcos possuídos por demónios (já que são fundamentalistas e acreditam que a Bíblia é a palavra de deus) vem-me com esta conversa de que o naturalismo é que é magia... É preciso descaramento!

FAQ (Parte IV): Aleatoriedade e Genética de populações

Esta pode ser difícil de assimilar para quem não tem background nenhum em genética de populações. Julgo que também é por isso que os criacionistas engolem tão bem a propaganda da Gauger e dos seus compinchas do Discovery Institue.

4. É difícil explicar como um caminho necessário para sobreviver poderia desenvolver-se aos poucos, quando não há nenhum benefício até que a coisa toda é montada. (Isso é um eufemismo). Talvez ela estava usando o caminho para outra coisa, alguns diriam, e isso só aconteceu para fornecer os meios para a simbiose. Nós só seriamos produzidos num mundo de sorte onde a via para a simbiose fosse montada.
Eu tenderia a descontar essa história pré-adaptacionista, por ser tão improvável por motivos darwinianos, não fosse eu um proponente do design inteligente. Existem inúmeros outros exemplos paralelos a este, apesar de tudo. Nós encontramos genes pré-adaptados (em inglês) em animais que nunca desenvolveram os planos ou estruturas do corpo que requerem esses genes. O que eles estão fazendo lá?

Eu sei, eu sei, é muita merda de uma só vez. Mas mãos à obra, mais uma vez: quem sabe um bocadinho de genética de populações sabe que não é preciso ser tudo dirigido (por selecção natural ou seja lá por aquilo que for) para as coisas poderem vir a ser úteis. Mesmo que algo não sirva para nada no imediato, pode-se ir aguentando na população se não for prejudicial ou prejudicial o suficiente. Mutações na sua maioria são neutras, certo? Isso significa que não tem um impacto significativo nos organismos nem para bem nem para mal. Daí é perfeitamente esperado que muitas coisas se passem que não sejam úteis nem prejudiciais de imediato, pelo que demoram mais a sair da população, isto é se saírem alguma vez. No entanto tudo isto de adaptativo e não adaptativo depende do contexto. O contexto pode mudar e aquilo que dantes não fazia nada, mas que se aguentou por não ser prejudicial provavelmente passará a ter algum tipo de impacto (que pode muito bem ser adaptativo).
Mais: a co-opção é bastante frequente e está envolvida na evolução de muitas  “máquinas” (com muitas aspas) moleculares.


4.1. Eu posso muito bem aceitar a genética sobre os fundamentos do design inteligente.

Eu acabei de explicar que a genética diz que não é preciso designer. Um designer aqui é no máximo redundante, embora admita que não exclui a possibilidade de haver um designer incompetente que mimetize processos naturais. No entanto não existe confirmação independente para a sua existência sequer. E não me venham dizer que o criacionismo do design inteligente não se foca no estudo do designer, porque design pressupõe a acção de um designer, a verdadeira explicação que eles procuram dar.

4.2. Aleatoriedade não é o motor de toda essa sofisticação, nem da informação, que está acima de tudo.

As mutações aleatórias (consultar o texto sobre probabilidades e evolução proteica) e a selecção natural, etc. são as únicas causas conhecidas que explicam os factos da natureza dos seres vivos (sem precisar de designer). Quanto ao designer, mais uma vez, não existe confirmação independente para a sua existência sequer.


FAQ (Parte III): A prova.

3. Não há nenhuma prova cientifica que proteínas surgem através de evolução cega, desgovernada, sem fins.

Pelo paleio provavelmente o leitor teria percebido, mesmo sem o link, de quem se tratava. Aqui devo direccionar-vos primeiramente para o meu último texto antes desta série sobre probabilidades, que demonstra que a evolução por mutações aleatórias não é de todo improvável. Há várias experiências e observações na natureza que apontam para isso. Não tenho culpa que os criacionistas não as queiram aceitar. Eu posso mencionar os pseudogenes e retrovírus que partilhamos com os chimpanzés, como os cientistas estudam a história evolutiva das proteínas (incluindo a reconstrução dos acontecimentos evolutivos em termos de mutações), quais são os efeitos das mutações nos genes do desenvolvimento. Mas sem alguma pesquisa autónoma não se vai a lado nenhum, por isso recomendo o pubmed (base de dados do NCBI).

Em relação ao texto em si a ser comentado no link, devo, mais uma vez, direccionar o leitor para o último texto antes desta série para atentarem na desconstrução dos argumentos do Douglas Axe (que se baseiam na improbabilidade da evolução de proteínas por mutações aleatórias).

Para além disso… não se diz prova em ciência, diz-se evidência. Prova é para a matemática.

3.1. Ah, as experiencias são feitas por quem? pessoas retardadas, ou pessoas com cognição apurada? Oras Simule um universo despropositado a começar com um retardado criando um computador (…)

Eu não tenho a certeza se já mencionei isto ou não no texto sobre as probabilidades e evolução de proteínas, mas as sequências proteicas no tipo de experiências referidas nesse texto são aleatórias. O que os cientistas fazem depois é ver se há função, mas não criam propositadamente a função. É “criada” aleatoriamente.

3.2. Proteínas no mundo real não existem por processos aleatórios, nem funcionam sozinhas, nem são a prova de correcção, de codificação e descodificação.

Os processos na célula são mais caóticos e aleatórios do que esses videozinhos simplificados que circulam por aí querem fazer parecer (por ex.: há imenso ruído). Mas isto não interessa, porque não estamos a discutir os processos celulares que levam à existência das proteínas (se é disso que esta santa pessoa estava a falar), mas a origem e evolução das mesmas – e essa sim, deriva em grande parte das mutações aleatórias (consultar as evidências supracitadas). 



FAQ (Parte II): Incesto

Não pessoal, não é pornografia, é mais uma série de afirmações estúpidas, seguidas das minhas respostas inteligentes… mas há quem diga que a inteligência é sexy ;).

2. Sem deus não existem argumentos contra o incesto: A ideologia cristã defende que quando se nega que Deus seja a Referência Moral Absoluta, o homem fica moralmente à mercê da arbitrariedade humana.

Há sim argumentos contra o incesto: aumentar a probabilidade da transmissão de doenças genéticas. Honestamente não quero discutir as questões morais por agora, pois não me parecem assim tão fulcrais para aquilo que se deve praticar ou legislar neste caso. Abordarei apenas as questões lógicas e científicas.

2.1. Isso está em contradição com o facto de se aceitar a prática e legalização do aborto, pois assim o argumento das doenças já não interessa.  

Errado. Normalmente nos exames laboratoriais realizados rotineiramente só se procuram alterações “grandes” (cromossómicas), como trissomias, por exemplo, que muitas vezes têm mais a ver com a idade da mãe do que com doenças hereditárias. E mesmo que se vejam muitas das alterações nos outros exames (como são as ecografias), também só se detectam coisas que saltem à vista. Por exemplo, as anemias e a tendência genética para demências não se consegue obviamente detectar, bem como o autismo por exemplo.
Estes crentes são o cúmulo da burrice. E ainda teimam!

Adenda: Usar preservativo faz com que os casais não tenham filhos biológicos e isso pode ser frustrante. Você pode dizer o mesmo dos homossexuais, é verdade ou dos trans, é verdade, mas eu não estou aqui a defender a proibição, mas sim que esse tipo de relações pode não ser das melhores opções - e enquanto que para essas pessoas isso é uma opção, para os homossexuais e trans isso não é bem assim. A alternativa é sentir-se ainda pior e mais frustrado a longo prazo (vs. a curto prazo por não poder casar com a irmã ou ter uma relação séria com ela).
Sim, eu não vejo problema nenhum em legalizar o incesto, mas dizer que não há argumentos contra (no geral, como o título parece querer implicar e mesmo depois quando o texto se desenrola) sem recorrer à religião é falso. 

FAQ (Parte I): Naturalismos

Este texto é o primeiro de uma série, que aborda afirmações e questões dos crentes que julgo que devo abordar, apesar de serem coisas relacionadas a textos anteriores e coisas sobre as quais já tenho comentado.

1. A ciência cinge-se ao naturalismo metodológico, por isso não é de esperar que nada de sobrenatural seja encontrado em materiais científicos como revistas científicas, congressos, etc.

Se os criacionistas e crentes em geral lessem o que dizem os cientistas (pode-se pesquisar pelascitações do geneticista e professor da Universidade de Chicago Jerry A. Coyne, por exemplo) fariam melhor figura. O que ele diz e o que se passa realmente é que a ciência não lida com nada sobrenatural hoje em dia pois nunca foram encontradas boas evidências de nada sobrenatural e não por qualquer princípio metodológico ou filosófico. Tal como ele disse, se isso acontecer ele e outros estão dispostos a assumir isso e até a mesmo a alargar horizontes na ciência de acordo com as evidências. Isto está também relacionado com outra assunto que julgo já ter abordado aqui no blog, que é o facto da ciência não estudar directamente deuses ou a existência dos mesmos ou anjos ou seja o que for. No entanto poderão haver evidências que os tornem muito mais plausíveis – e essas podem ser encontradas e estudadas pelos cientistas, utilizando o método científico.
O que eu tenho dito sobre não haver evidências (que tenham sido encontradas) de nada de sobrenatural é muito provável (afinal em ciência comunica-se, não é?). Quer eles queiram quer não, esta é a realidade. Eu não quero saber se o ego de macaco mal evoluído deles sofre por não haver evidências da existência de um deus que os criou à sua imagem e semelhança, eu vou continuar a divulgar isso mesmo.

Adenda: Talvez isso aconteça com alguns, mas não pode pôr tudo na mesma bitola (ateus incluídos). E quanto a não haver evidências para nada de sobrenatural, é bem provável, mas baseei-me naquilo que foi registado/comunicado – como normalmente acontece com as descobertas relevantes. Não, eu não sei ao certo se sim se não, mas é muito provável.





quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Os criacionistas e as probabilidades

Pois é, estou de volta com mais uma dos criacionistas. Num website chamado "Darwin's predictions" gerido pelo criacionista Cornelius Hunter (que me parece ser o único autor), este escreve sobre "previsões falsas do Darwinismo" como eles dizem. Há um criacionista já conhecido dos leitores que traduziu alguns textos de lá para português: "A evolução das proteínas. – As primeiras previsões da evolução" e "A competição é maior entre os vizinhos. As primeiras previsões da evolução".

O artigo científico referenciado pelo segundo texto fala de uma hipótese evolutiva muito específica e de um caso muito específico: o das algas verdes.

Hunter escreveu:

“Por que esta predição de longa data não foi confirmada ainda permanece desconhecido. Aparentemente, há mais fatores complicadores que influenciam a concorrência, além de parentesco evolutivo.”

Mas isto não ajuda em muito a causa do design inteligente ou do criacionismo, uma vez que:

1. Não demonstra que um designer interveio.

2. Não demonstra a TE em geral falsa nem que a evolução não ocorreu, ao contrário do que pode parecer pelo título.

Não vejo como é que isto possa ser relevante para os criacionistas. É apenas para enganar pessoas mal informadas e que não se dão ao trabalho de ler tudo com atenção. Mas este não é de perto nem de longe o pior texto. "A evolução das proteínas. – As primeiras previsões da evolução" é bem pior. Ignora a discussão científica em torno dos resultados de Axe (ver no Panda's Thumb) e pior ainda, ignora a literatura científica que demonstra que foram obtidos resultados muito maiores de probabilidades para a evolução de novas funções (e é de notar que só foi avaliada uma função de cada vez): http://molbio.mgh.harvard.edu/szostakweb/publications/Szostak_pdfs/Keefe_Szostak_Nature_01.pdf, http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0000096

Ainda no âmbito das probabilidades, os criacionistas adoram apelar para a improbabilidade inclusivamente de conjuntos de mutações pre-especificados (é só a diferença entre o joão ganhar a lotaria ou alguém ganhar a lotaria - todas as semanas/meses ou quase alguém ganha) e até de convergências evolutivas (moleculares e outras). Parecem não compreender o papel da selecção natural nem que por ser raro/improvável não quer dizer que não aconteça. Conjuntos de mutações raras, improváveis, são parte da explicação para o facto de certas pessoas terem autismo. Agora não me vai dizer que um designer inteligente concebeu propositadamente um cérebro com autismo. Normalmente um designer pretende construir coisas que funcionem bem, pelo menos e um designer inteligente (especialmente se for todo poderosos, etc.) constrói coisas que funcionem.Também, por ser difícil de perceber não quer dizer que se apele para um designer.

Mas eles não querem acreditar na evolução. Tudo bem. Não precisam de crer na TE. Há muitas evidências a apoiar a evolução como facto histórico e sabemos o que produz o tipo de mudanças que ocorreram no DNA – são as mutações (dá para ver pelas análises genéticas até alguns tipos de mutações que ocorreram ao longo da linhagem evolutiva). Tanto quanto sabemos, estas ocorrem naturalmente (incluindo conjuntos improváveis de mutações que frequentemente aparecem juntas para produzirem certo efeito (ver o caso dos autistas). Mas tudo bem, não precisa de aceitar esta explicação. Mas isso não implica que tenham que aceitar um designer, só porque na sua opinião esta não funciona. Não faz mal dizer ” eu não estou convencido, mas também não sei o que foi que aconteceu”. É claro que se pensarmos um bocadinho, eles na maior parte dos casos só não aceitam a explicação científica por motivos religiosos - daí apelarem depois para um designer. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Olhem para isto!



E "está fora do tempo e do espaço" ou mesmo algo como "tem que ter escolhido algum ponto de partida para criar", a mim não me diz nada - o primeiro não me diz se é inteligente nem se tem emoções humanas (isso seria um deus) e muito menos que andou por aí a engravidar virgens como que por magia, quanto ao resto, o problema é que ele para dizer isto não está a considerar outras alternativas a um ser inteligente sem quaisquer garantias. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Menos actividade

Adenda: Os dinossauros do Mats nem sequer comiam arroz!

Não tenho sido muito activa neste blog em particular. Mas de facto não se tem passado muita coisa pelas bandas do criacionismo e religião disfarçada de ciência. Pelo menos, não muito relevante (por vezes até os comentários dos próprios criacionistas demonstram que as descobertas de que falam em nada ajudam a sua causa cansada - pista: Mats; ver mais sobre as parvoíces dele e de outros, tais como o argumento ontológico e sua defesa que dá voltas e voltas para defender a existência de um deus que nunca teve evidências a seu favor e nunca é a explicação preferível no Que treta e nos posts do google+). Até o blog do nosso criacionista já mais que conhecido se limita a regurgitar factos (se é que o que ele diz é bem assim) que em nada ajudam a causa dele e são provavelmente excepções à regra geral. O texto nem sequer é original, mas sim uma regurgitação fedorenta do blog de um criacionista americano, um tal Cornelius Hunter.

No entanto, julgo que de tempos a tempos irá haver actividade, especialmente se eles se meterem com a área das neurociências outra vez ou se eu arranjar alguma coisa interessante para comentar ou criticar.

domingo, 2 de agosto de 2015

A Teoria da da evolução não é inútil (outra vez)



(Atheist Debates - Interview: Dr. Jerry Coyne - 
Este video é um entrevista com o professor Jerry Coyne, sobre várias coisas, incluindo uma pequena discussão sobre o valor prático da teoria da evolução (ao início) - por exemplo, foi ela que fez com que surgissem ferramentas para se detectar de onde provêm certas estirpes de vírus (por ex. o HIV) e também sobre coisas que ainda faltam descobrir/necessitam de mais estudos em ciência em geral e especificamente na área da biologia, tais como a origem da vida e as estruturas cerebrais e actividade responsáveis pela emergência da consciência.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Estupidez vs Neurociência

Hoje acordei da minha sesta tardia para descobrir esta pérola no blog do criacionista do costume. Lá consegui vencer a preguiça e pegar naquilo. acabei por escrever sobre isso no blog do tumblr.
O texto é enorme e aborda uma data de tópicos - mais uma das técnicas evasivas dos criacionistas. Mas mesmo assim, ainda consegui abordar alguns pontos:

sábado, 4 de julho de 2015

Evolução dos pêlos em humanos e outros mamíferos vs. estupidez criacionista: Adenda

O criacionista também diz que os pêlos, muitos deles mais finos, ao longo do corpo todo também têm a função de regulação térmica, que, a meu ver, se foi tornando cada vez mais redundante. Eu diria ainda têm uma função. O mecanismo de pilo-ereção e essa função redundante dos pêlos em conjunto com o fato de que  são partilhados pelos mamíferos, mas não pelas aves e répteis, de que o pêlo mais desenvolvido dos outros símios e de outros mamíferos serve um propósito semelhante e tem uma base genética semelhante, não se tendo encontrado nada que aponte para evolução convergente, e tendo o registo fóssil, a genética de um modo geral e a embriologia a apoiarem a evolução, sugere que estes são uma herança vestigial (pois encontra-se menos desenvolvida) dos nossos antepassados símios (para mais sobre a evolução do pêlo dos mamíferos em si, devem ser consultadas as referências do texto anterior). Mais ainda, nem faria sentido que eles lá estivessem e não fossem apenas uma herança.
 

Evolução dos pêlos em humanos e outros mamíferos vs. estupidez criacionista

Mais uma vez passei por um blog criacionista já conhecido dos meus leitores:

https://jephmeuspensamentos.wordpress.com/2015/07/02/pelos_humanos_darwinismo_projeto_inteligente/ 

O criacionista da Terra jovem Jephsimple copiou um texto de um livro de um criacionista do design inteligente. Para lerem o texto que vou comentar, cliquem no link acima. 

Relativamente à parte do Jerry Coyne, ele disse mais recentemente (1) que a evolução para "macacos" menos peludos poderia ter a ver com a capacidade de suar (embora essa hipótese esteja longe de ser perfeita). E mesmo com a outra explicação das funções dos pêlos, parece que os pêlos (espessos ou o lanugo embrionário) foram preservados assim apenas onde faziam mais falta. Em que é que isto vai contra a ideia de que evoluímos de símios peludos? Não vai (se não ai, é escusado os criacionistas sequer falarem no assunto). E o facto de dizerem que temos o corpo mais coberto de pêlos do que pensamos não sugere isso mesmo? 

«Como vimos neste texto, as evidências sugerem que ambas as estruturas e as funções de pêlos e/ou cabelos apresentam sinais de complexidade e intencionalidade. » - Ou apenas a preservação evolutiva de estruturas úteis aos organismos (e visto que as evidências genéticas, fósseis e embrionárias estão a favor da evolução...).

«Um cabelo humano é tão complexo que o homem nunca vai entendê-lo completamente, muito menos explicar sua origem por processos evolutivos ao acaso.» Mentira. Os cientistas estão bastante perto de desvendar como ocorreu a evolução dos pêlos dos mamíferos (2,3, 4).

Se isto é o tipo de coisa que vai aparecendo ao longo do livro todo, é fraquinho. 

1. https://whyevolutionistrue.wordpress.com/2010/07/20/why-does-skin-color-vary-among-human-populations/ 

2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2736124/ 

4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25947341 ("Convergent evolution of cysteine-rich proteins in feathers and hair." - mais um exemplo de distinção entre evolução convergente e divergente). 

3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18031455 

terça-feira, 30 de junho de 2015

Argumentos & objecções

Desde já devo dizer que este post é mais para quem anda pelos lados do google+ (e não tanto pelo facebook). Quem anda mais por lá já deve ter reparado na quantidade de posts de hoje que tratam exactamente dos argumentos idiotas do William Lane Craig. Alguns são comentários meus, outros são as partes dos artigos que li sobre o assunto que eu considerei mais importantes. Para quem não acompanha o blog desde o início, o William Lane Craig auto-intitula-se filósofo, mas é mais um teólogo ou quanto muito apenas um filósofo das religiões e mais um "debatedor" profissional do que um académico na prática. Estes já tinham sido abordados por mim aqui no blog (arquivo de 2013, 2014 quanto muito), incluindo uma breve análise de um debate (breve, mas ainda foi maior que muitos posts) com um físico bastante conhecido nos Estados Unidos (um cientista sério e não um "debatedor" profissional). pensei que já tinha acabado de escrever sobre essa pessoa irritantemente pomposa, incrivelmente arrogante e estupidamente desonesta que é o WLC, mas não consegui deixar o que li em paz. Não, eu não fui à procura das parvoíces dele, nem de nada sobre elas, mas, digamos que apareceram quando eu procurava material sobre a opinião e argumentos dos historiadores sobre a ressurreição de Jesus (de preferência contra) para desdizer um post do mats com um link para um texto que aparentemente quer dar a entender que a ressurreição é tida como um facto histórico pela maioria dos académicos. Esse post ficou "pendurado" e só saiu agora porque o facebook não me estava a deixar postar. Mas vamos ao que interessa: a primeira premissa do argumento cosmológico (tanto o de kalam como a outra versão apresentada no link do facebook) tanto quanto sabemos talvez se aplique dentro deste universo sob as condições deste universo. Nada é garantido no que diz respeito à origem de todo o universo (julgo que nos meu posts anteriores que podem encontrar no arquivo do blog eu já tinha elaborado uma outra versão desta objecção). Então, a premissa não é garantida, por isso a conclusão também não. E mais, o que o craig argumenta para apoiar a segunda premissa do argumento cosmológico de kalam é questionável quer em termos de coerência/consistência, quer em termos factuais.
Por hoje (e espero que para sempre) é tudo em relação ao Craig. E ao Mats.




domingo, 21 de junho de 2015

Ausência e outros projectos

Tenho estado ausente deste blog ultimamente, pois tenho estado mais focada noutro blog e na pesquisa que estou a desenvolver em psicopatas e anti-sociais ("sociopatas" na terminologia antiga do DSM). E, claro, nos últimos dias, no debate no facebook com o Francisco Tourinho sobre o papel de deus, do conceito de deus (cristão) e da igreja para ao começo, as fundações e o avanço da ciênciae também dos gregos e de outros (cristãos e não). No entanto, continuarei o blog, só que os posts serão "espaçados" no tempo.

O regresso: Como o cristianismo evangélico se relaciona com a falta de auto-estima?

Certo dia, ao ir a uma consulta no Hospital Particular do Algarve (Gambelas), deparei-me com o seguinte folheto de propaganda em cima de uma mesa do bar: «A decisão». Era nada mais nada menos que um folheto de propaganda cristão de uma associação interdenominacional de evangélicos. Para além da treta do costume de que nós somos pecadores que precisam de ser perdoados por Jesus, eles dizem: "Não procuramos mais a nossa própria honra, o sucesso, o ideal de sermos perfeitos ou o sentimento de inferioridade que orienta a nossa vida, antes podemos dizer como o apóstolo Paulo «Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. O seu amor enche o nosso coração.» Isto parece um apelo à defesa contra a falta de auto-estima e ao stress no que respeita às exigências que a vida nos faz e que fazemos a nós próprios. Porém, a associação em alguns (poucos) estudos entre o cristianismo evangélico e auto-estima não é significativa em jovens, mas é significativa em pessoas a partir dos 50 e mulheres e a relação é negativa. É de notar, entretanto, que estes estudos não são muito recentes, muitos deles sendo mesmo bem antigos. 
Pelo que eu leio, dá a ideia de que eles pregam que somos pecadores, que somos péssimos por nós próprios e que precisamos de perdão está a afectar a auto-estima das pessoas. E toda a promessa de redenção, serve como uma promessa de estratégia de "coping"... para um problema que eles ajudaram a criar. Isso está de acordo com a falta de uma relação sólida entre auto-estima e religião que se verifica em relação aos evangélicos (e até de um modo geral). No entanto, estas estratégias não parecem funcionar tão bem em mulheres, pois estas têm um papel menos importante na igreja em termos de hierarquia e em pessoas mais velhas. Isto talvez tenha a ver com sentimentos de culpa de coisas que se vão fazendo ao longo da vida que fazem perder a esperança de salvação/redenção/perdão desse tal deus. Viver com essa quase obsessão pelo "pecado humano" não é exactamente uma boa base para manter a auto-estima em casos desses. 

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Numa nota à parte, tenho a acrescentar uma chamada de atenção para o debate no facebook com o Francisco Tourinho sobre o papel de deus, do conceito de deus (cristão) e da igreja para ao começo, as fundações e o avanço da ciência.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Um criacionista foge ao debate e depois escreve sobre evolução de bactérias e drosofila.

Jephsimple (o criacionista) foge ao debate com um comunicado no seu próprio blog (ao qual nem me dá a oportunidade de responder no sítio): 

«Em um dos seus comentários ela disse que eu só não vou aprovar os comentários dela por que os comentários dela  contradizem meus argumentos e minha capacidade argumentativa é muito limitada.» - E o facto dele ter retirado comentários que apenas falavam do conteúdo dos posts, que já tinham sido aprovados reforça isso.  Bastava-lhe eliminar os que ele considerava ofensivos. 

«Não Maria, argumentos contrários aos meus, quando trazem consigo razoabilidade me motivam a aprender mais.» Todos (ou, mesmo da perspectiva dele, quase todos) os comentários que ele apagou eram assim. 

«Então esse tipo de tática eu simplesmente ignoro. Não acrescenta em nada em meu aprendizado sobre o design inteligente, sobre biologia, sobre evolução.» Quem tem acompanhado esta "discussão" (se é que assim lhe podemos chamar) sabe que eu fui um tanto agressiva no início do meu post no google+ (e deixei o link no blog dele), mas que, em termos do resto do conteúdo em geral teria contribuído e bem para a discussão. 

«Não fosse esse seu comentário arrogante, infantil, ideológico, adolescente, irracional, teus comentários seriam todos aprovados. como aprovei alguns.» Que depois apagou - e, repito, apenas tratavam do conteúdo do post.  

«Afinal, não tenho problemas com argumentos contrários ao meu.» sendo generosa, o máximo que posso dizer é que fica a dúvida se foi o que eu disse ao princípio, se foi a raivinha, ou outra emoção que não consegue controlar (muito adulto, revela muita maturidade, sim senhor!)

«Mas eu passei da idade da adolescência, e passei dos vinte um tempinho. » Quem lê (criticamente) os comentários dele no Darwinismo tenho quase a certeza de que não pensa assim. 

E, já que estou com a mão na massa, aqui fica a breve análise de mais uns tópicos (os mais recentes) desse blog (https://jephmeuspensamentos.wordpress.com/) 

8. https://jephmeuspensamentos.wordpress.com/2015/06/03/o-custo-da-complexidade-drosofila/ 

«Entretanto cientistas como McShea apontam outro caminho para o surgimento da complexidade: através da lei evolutiva força-zero, que seria a ausência ou diminuição da da seleção natural-é chamada evolução construtiva neutra. (4)
Como a complexidade surge, pode ajudar um organismo sobreviver melhor ou ter mais filhos. Se assim for, será favorecida pela seleção natural e se espalhará pela população. (4)
Mas ao olharmos a figura, qual se reproduzirá melhor? A “simples” drosófila ou a “complexa” drosófila?
Outros artigos demonstram a perda de aptidão da drosófila que apresenta aumento de aprendizagem. (5)
Inicialmente a drosófila parece demonstrar uma perda de aptidão ao adquirir resistência aos pesticidas. Em artigos iniciais isso foi demonstrado, mas hoje a drosófila resistente parece ter readquirido a aptidão inicial. Entretanto, para a maioria dos insetos há uma perda de aptidão. (6)
A conclusão é de que o aumento da complexidade da drosófila diminui a aptidão.» 

Acho que a chave para compreender isto está nesta expressão: «pode ajudar um organismo sobreviver melhor ou ter mais filhos.» (n. b. "pode"). Também pode melhorar umas coisas e piorar outras. Ou não. E tudo isso depende do ambiente em que se inserem. Faltou-lhe um bocadinho assim...

9. https://jephmeuspensamentos.wordpress.com/2015/06/03/o-custo-da-complexidade-2-bacterias/ 

«alisando a formação de polímero (biofilme) pelo Pseudomonas, notou-se que as bactérias que não produzem polímero se reproduzem mais rápido que as produtoras de polímero (Mirsky, 2009). As produtoras de polímero seriam “altruístas”. Numa competição direta as “altruístas” seriam eliminadas. O acréscimo funcional aqui seria considerado um aumento de complexidade.»

Frase a destacar: "Numa competição direta as “altruístas” seriam eliminadas." E...? Tal como eu disse, é o ambiente que determina o "valor"/ Custo das características. 

«O protocolo sugere que em seis meses no domicílio o ambiente se encarrega de eliminar a bactéria. A eliminação se deveria à competição com outros organismos e a atuação do sistema imunológico da pessoa.» Sim. Mas se, por exemplo, ocorresse uma alteração ambiental, como por exemplo haver um antibiótico que mate os outros microorganismos ou se estes enfraquecerem geneticamente face a outra qualquer alteração (sim, porque o valor é sempre relativo ao meio) e/ou o paciente se tornasse (por exemplo, por carência de vitaminas) deprimido, o resultado provavelmente seria diferente. Volto a dizer, depende do ambiente. 

Mais (sobre o tópico da ciência cognitiva e neurociência): https://plus.google.com/u/0/102977258703229746475/posts/Yn5nbU23PUA 


«Comentário: «A mudança voluntária de atenção de um sujeito provoca mudanças no estado de ativação cerebral detectável através de um sistema de neuro-imageamento.» Tudo bem, pois claro, de qualquer maneira alguma mudança tem que ocorrer na actividade cerebral aquando dessa ocorrência, mas não vejo como é que daqui segue, por exemplo, que “as mentes não podem estar totalmente instanciadas no cérebro, nem nas relações deste com o ambiente e nem em nenhum lugar de nosso mundo físico.”...» 

  

sábado, 23 de maio de 2015

lixo criacionista


Nos últimos tempos tanto to google+, como no facebook fui inundada de lixo criacionista. No primeiro caso, certo (troll?) criacionista começou a marcar com +1 posts a contrapor a argumentação criacionista (ao menos leu o que marcou??). E depois deixou comentários disparatados sem "sumo" nenhum a apoiar os criacionistas. Se isto não é de loucos...!

Já no facebook a coisa foi assim: 







Como pode ser difícil ler, aqui está o link: facebook 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Dinossauros - 3 vs. Mats - K.O. [confirmado]


"At least it's over"


Dinossauros - 3 vs. Mats - K.O. [parte III]

Os meus últimos comentários:

Mats: «Ninguém quis usar estas imagens como “prova conclusiva de que existiram dinossauros nesse tempo” mas sim como mais uma peça no meio de todas as outras que mostram que os evolucionistas estão errados quando dizem que os dinossauros não co-existiram com os seres humanos.» – Ai não? Então, ainda é pior do que pensava. É que o resto são mais imagens do mesmo género, lendas (lendas! tais como as do yeti e tantas outras), e falsificações (ou pelo menos equívocos) de pegadas de dinossauros junto com pegadas humanas… e o Mats ainda continua a aceitá-las como evidências decentes. Muito bem. E não, a interpretação de que não são dinossauros não é estranha nem descabida – como eu disse, as imagens são propícias a isso. Basta ver que a sua opinião, Mats, nada tem de unânime. É subjectivo. Elas não são claras. São dadas a várias interpretações, sendo uma delas a do javali. Uma coisa descabida, por exemplo, seria dizer que aquilo é um homem ou uma árvore, uma estrela do mar, ou algo assim.

Mats: «”Não tenho problema nenhum, desde que apresentadas evidências em que tenha sobrevivido uma linhagem de dinossauros (para além das aves, que são descendentes “directas”).” – Ou seja, tu queres-te colocar como juíza do que te é apresentado, e “avaliar” o que a tua filosofia de vida de impossibilita de aceitar» – Impossibilita de aceitar? Antes pelo contrário, acabei de explicar exactamente que é possível. A “interpretação” do Mats do que eu disse é que é perfeitamente descabida.

E eu que pensava que já se lhe tinham acabado os argumentos da treta... Bem, julgo que já se lhe acabou a reserva de vómito requentado (sim, porque estes argumentos não são novos). 
A propósito o "vómito" do Mats lembrou-me disto: 



Pitbull - Timber ft. Ke$ha PARODY!! Key of Awesome 


"At least is over... Oh, c'mon! How much puke do you have inside?!"

Dinossauros - 2 vs. Mats - 0 [parte II]

Eu disse que o animal que o Mats diz que é um dinossauro é um javali, mas aceito que haja outras pessoas que cheguem aqui e me digam o nome de outro animal qualquer, até porque, a meu ver, uma criança faria melhor e isto é tudo um bocado subjectivo. O verdadeiro problema está em querer usar isto como prova conclusiva de que existiram dinossauros nesse tempo. Isto não é para dizer que retiro o que disse, antes pelo contrário, a minha interpretação não é descabida ou estranha, uma vez que o desenho é propício à mesma.  

E não, não é por “acreditar” na TE que eu acho isso. Não tenho problema nenhum, desde que apresentadas boas evidências, em que tenha sobrevivido uma linhagem de dinossauros (para além das aves, que são descendentes “directas”).

Adenda

Adenda: Quanto a ser objectiva ou subjectiva, parece-me que toda a comunidade científica vê as semelhanças, no entanto a minúscula minoria que são os criacionistas tentam é encontrar racionalizações (um tanto absurdas) para estas.

Dinossauros - 1 vs Mats - 0



Depois distodisto


«São mais objectivas que as “semelhanças” entre o ser humano e as bactérias, ou entre répteis e aves. Mas tudo bem.» - Oh Mats, a misturar alhos com bugalhos? As semelhanças com bactérias são genéticas e a um nível superficial em termos celulares e aves não são répteis, apenas são aparentados, mas existem mais semelhanças do que parece à 1ª vista, ao contrário desses desenhos e dos dinossauros. O primeiro tem orelhas e não cornos, ao contrário do espécime a que o compararam, parecendo-se com um estranho cruzamento entre mamífero e réptil. O segundo como diz a Ana Silva, bem que podia ser um javali. O 3º, bom… sem comentários, e o quarto tem as patas da frente muito mais compridas que as detrás (julgo que ser-lhe-ia difícil mexer-se e aguentar-se nas 4 ou mesmo nas duas patas com essa rica fisionomia) e normalmente nos dinossauros isso seria ao contrário - note-se que são muito, mas muito mais curtas (e mesmo muito curtas) as traseiras em comparação com as dianteiras. Quanto aos últimos, a fisionomia na primeira imagem é estranhíssima e ainda mais é a daquele que é meio réptil meio pato. 

Nota: o braquiossauro tem as pernas da frente mais curtas, mas isto não é um braquiossauro, e não tenho a certeza se eram tão mais curtas assim. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Contra o criacionismo e a ignorância

Aqui há uns tempos atrás escrevi um post sobre as parvoíces do Mats, ou por outra, as parvoíces que o Mats acriticamente e sem grande perícia traduz. O criacionista "Anderson" comentou no "Darwinismo" em resposta ao post onde comentei (sobre o mesmo assunto abordado no meu próprio texto):

«Maria Teodósio, tu realmente acredita no que está no link? Artigo cheio de especulações, tal como normalmente vemos de vocês naturalistas. Dá até para achar que você participou da edição do artigo, visto que é muito similar com o que você fala. E ainda vem nos dizer “Informem-se deixem-se de aceitar acríticamente tudo o que os criacionistas mais conhecidos e estrangeiros dizem.“, e pergunto, já parou tu mesma a fazer isso com os evolucionistas? Tem uma citação no artigo assim:
“Also, Behe and the ID’ers do not acknowledge what Darwin himself figured out – that of coaptation. Structures may develop for one purpose and then be coopted for another. For example, the bacterial flagellum likely evolved from a simpler structure that was not a motor but was used to inject proteins into prey.“.
Aí você acredita nisso sem questionar? Ok, se o flagelo bacteriano era, supostamente, para injetar proteínas na sua presa, como ela se movia até a presa para usar o tal flagelo para este propósito? Por que foi necessária essa mudança evolutiva para um flagelo que é usado para mover-se? Não é mais necessário injetar proteínas nas suas presas, por que? Onde estão as evidências que suportem essa teoria? Ele fala como se isso fosse algo comprovado pela ciência mas, no entanto, é falácia para enganar aqueles que querem uma alternativa a Deus.
Pois o que mais me faz curioso a seu respeito é: Por que se importa em “converter” os criacionistas a sua causa? No que isso vai te ajudar? Antes que retorne a pergunta, nós criacionistas sentimos esse desejo por que te amamos como Deus os ama. É desejo d’Ele, que está em nós, indicar o caminho a vós outros para a sua salvação e alegria do Criador. O que me deixa perplexo é porque um ateu guerreia contra a fé em Deus se isso, no final, vai, segundo a própria crença, terminar do mesmo modo – uma poeira sem sentido que existiu no tempo de bilhões de anos. Como pode ter sentido no existir sem uma Causa? Pense nisso Maria Teodósio, e não se deixe enganar!»

Só agora é que vi (e comentei) este chorrilho de disparates: primeiro eu já li mais sobre o assunto do que está no link, e tive aulas a nível universitário que me deram bases para perceber o que leio. Agora, eu não vou fazer o trabalho por nenhum criacionista idiota e ignorante. Se não imagina como pode ter sido, ele que pesquise. Não sou professora, educadora de infância, nem explicadora para fazer o trabalhinho de casa por sua excelência. E não, não sou nenhuma ignorantezinha que se deixa enganar pelos “malvados” evolucionistas. Eu tenho formação académica o suficiente para analisar o que leio sobre o assunto. Não, não me deixo enganar. Por isso mesmo não sou criacionista. Quanto à crença na existência de um Deus, não é propriamente contra isso que eu “guerreio”. É contra a ignorância, a estupidez e o criacionismo seja ele de que religião for. Se quiserem acreditar que existem unicórnios invisíveis ou que de outro modo se escondem das sondas em Marte, tudo bem. Querem ter crenças que não provam, ou não podem provar, problema deles. Mas detesto este tipo de ignorância e estupidez e criacionismo com tudo o que este acarreta vulgarmente - desonestidade intelectual, recusa em aprender, por vezes paternalismo, etc.

"Boas" notícias

Hoje tive uma boa notícia, mas não estou lá muito satisfeita. A boa notícia: tive 17,23 a estatística. Sim, é verdade que já tinha tido estatística (acabei com 16 ;) ), mas não tive nada de SPSS e, mesmo na parte teórica faltava bastante (ex.: toda a parte das classes e não fazia nada à mão). Bem, outros ficariam orgulhosos, satisfeitos, mas eu , enquanto que não trocaria com uma pessoa que tivesse tido negativa, preferia ter tido, por exemplo, um 14 ou um 15 e continuar a ser eu. Estudei um pouco mais que o habitual (que, convenhamos é pouco), e ainda assim, estava ansiosa, pouco confiante, e mesmo depois do teste, a confiança em mim mesma não era muita. E, só estudei mais porque estava nervosa. Quem sabe da história das hormonas já deve estar a adivinhar de onde surgiu isso, e bem. É que a pílula também dá ansiedade. Eu nunca fui esse tipo de pessoa, de estudar e, mesmo assim, não ter confiança e ficar ansiosa. Bolas, eu nem quando não estudava nem metade da matéria ficava ansiosa! Odeio isto. E receber esta nota fez-me lembrar disto tudo. Eu costumava até desprezar esse tipo de pessoas. Desprezar, mesmo. É terrível transformar-me naquilo que desprezo.

sábado, 2 de maio de 2015

A ciência e o porquê das coisas

É verdade que a ciência lida com a forma com as coisas surgem e por vezes até com o propósito das coisas, o porquê das coisas. Um exemplo de uma ciência que lida com a forma como as coisas surgem é a biologia, outro é a química por exemplo, no âmbito da química pré-biótica e outro é a física. Um exemplo que lida com ambos, o “como” e o “porquê” é a arqueologia, que estuda para que foram concebidas, por exemplo, peças de cerâmica encontradas em escavações, qual o seu significado para certa cultura, e por vezes até em que classe social se inseriam os seus donos.
Até agora não há problema nenhum. As pessoas religiosas menos literalistas em relação á Bíblia (muitos católicos, muitos anglicanos e até alguns evangélicos americanos e brasileiros) costumam dizer que ciências como a química e a biologia não lidam com a questão do “porquê”. Até aqui também não há problema (está de acordo com o que eu disse em cima). O problema aparece quando essas pessoas dizem que é a religião que lida com o “porquê”, o propósito da existência e remete esse propósito para os planos do seu deus particular ao criar o universo. Isso é um disparate. A biologia, a química e a física não lidam com a questão do propósito porque não existe propósito. Até agora não há nada que nos leve a crer em tal coisa.
Ao contrário dos biólogos, físicos e químicos, os arqueólogos lidam com o “como” e o “porquê” porque além de terem que ter a noção de como algo foi construído/concebido têm que saber também o seu propósito. Estes comparam os seus achados com outras coisas que se sabe terem sido feitas por humanos, consultam manuscritos antigos, procuram ossos ou sepulturas, entre outras coisas, tudo isto para determinar que os utensílios foram feitos por humanos e qual o seu propósito e significado. Nos três primeiros casos, os cientistas não se preocupam com o propósito de um olho ou de uma ATPSintase, ou das estrelas, ou dos nucleótidos do DNA, porque não é preciso: já foi encontrada uma explicação para essas coisas que não envolve nenhum projecto inteligente com um propósito e, como já foi referido anteriormente, não há nada que faça a crer que haja alguém inteligente envolvido no processo (por exemplo, um deus ou uma entidade biológica extra-terrestre) que tivesse um propósito para a vida, incluindo o ser humano - e esse sim, faz as coisas com propósito. 

Nota: Este também já não é de agora, mas achei que não estava mau de todo e republiquei-o com umas pequenas alterações. 

Como debater evolução com um criacionista


O Dr. Michael Shermer fez um óptimo trabalho no debate em 2004 (Universidade da Califórnia – Irvine) com o criacionista da Terra jovem Kent Hovind. Com humor negro, factos e uma certa dose de condescendência, este conseguiu passar um bom bocado enquanto os criacionistas enfiavam os dedos nos ouvidos.
O Dr. Shermer, por exemplo, apontou para o facto de a baleia nadar com barbatanas semelhantes aos membros dos mamíferos e não ás dos peixes, o que é consistente com a evolução e não com a noção de criacionismo progressivo, ou mesmo qualquer outro tipo de criacionismo, a menos que deus fizesse as baleias e os golfinhos assim para testar a fé dos humanos ao enganá-los – o que significa que os criacionistas teriam que fugir com o rabiosque á seringa e ficariam desacreditados, pois se uma hipótese precisa que a defendam dos testes dessa maneira para não ser falseada é porque deve ser desprezada, não servindo para nada. Na realidade esse facto acerca das barbatanas das baleias e dos golfinhos apoia a hipótese evolutiva, pois faz sentido que a evolução “trabalhasse” com aquilo que já lá está, isto é, com os membros dos mamíferos ancestrais através das mutações que iriam modificá-lo, mas não substitui-lo por uma barbatana de peixe.
O papel do criacionista Kent Hovind no debate foi insultar o seu oponente e todos os cientistas que citava. É nisso que os criacionistas são bons – nisso e em serem desonestos, mas não em ciência. E já agora: por uma estrutura qualquer ter alguma função para os indivíduos da espécie em questão, não significa que não possa servir de evidência para a evolução.
Acho que ambos os participantes estão de parabéns: um pela melhor explicação e o outro pelos melhores insultos.

Aqui fica o vídeo: 




Nota: este post já é antigo, mas achei que o debate era bom para entreter. 


sexta-feira, 24 de abril de 2015

WTF??

São 6 e tal da manhã e cá estou eu. Não conseguindo dormir dei um salto ao meu blog criacionista de eleição (sim, porque este tem qualidade, até é escrito por um cientista de renome e tudo...) e o que vi eu na caixa de comentários do último texto? Vi isto (em resposta a outro comentário): 

«allisonzigfridd says:
Obrigado pela resposta Anderson, acho que eu fiz confusão e não entendi bem o que o texto queria dizer, mas é culpa minha. Agora entendi. rs
Eu li na Nature que esses tecidos moles e suas propriedades orgânicas foram preservados pelo ferro presente no próprio organismo do animal, já que o ferro não se decompõem e sobre situações específicas ele se mantem praticamente inalterado, “conservando” os tecidos moles.
Bom, infelizmente os evolucionistas não aceitam, pelo contrário, preferem acreditar na incoerência, mesmo que a ciência diga o contrário.» 
Wtf? Quero dizer, ele primeiro explica exactamente porque é que os tecidos foram preservados sem recorrer a parvoíces de criacionistas da Tera jovem (bem, pelo menos leu alguma coisa) e depois, em com esta de que isso são só os evolucionistas que não aceitam. Ok... quem não aceita a explicação científica - de acordo com tudo o que se sabe sobre o assunto - é ele. Aliás, eles, criacionistas da Terra jovem. Incrível. Mas que começo de dia. Mas bem, eu é que me fui lá meter, por isso...  

Quanto ao texto, diz exactamente que os investigadores têm dúvidas de que o carbono 14 tenha origem no dinossauro - ou seja, claro está que a única opção não é a Terra ser jovem. Embora também diga: «no bacterial proteins or hopanoids were detected» (no original em Inglês). Mas esta citação foi retirada do seu contexto original pelos criacionistas. Acontece que até cola, DNA de coelho e humano, além de bacteriano, foi encontrado: 
«(although no bacterial proteins or hopanoids were detected, one bacterial DNA sequence was amplified by PCR, and microscopic clusters of bone-boring cyanobacteria were seen in places along the perimeter of the diaphyseal cortex). Two short DNA sequences of possible lagomorph origin were amplified by PCR (together with three human sequences), and consequently it is possible that the outer surface of the bone has been painted with animal glue at some point. Nonetheless, based on the extremely weak PCR products obtained from the DNA analysis (8–26 ng/μl after two rounds of PCR and doubling up of the PCR reaction volume, suggesting very few copies of template DNA prior to PCR), the amount of lagomorph contamination is exceedingly small and cannot account for the relatively large quantities of fibrous matter located in between the vessel-like forms (i.e., in the area of the osteoid). Additionally, some fiber bundles are partially mineralized (Figure 8), providing convincing evidence for their antiquity. Accordingly, we find it reasonable to conclude that the collagenous biomolecules recovered from the fibrous tissues of IRSNB 1624 are primary.»