Os criacionistas têm gritado esta expressão aos quatro ventos,
mas esta só se aplica num dos casos que são normalmente apresentados, que é o “Piltdown
Man”. Os restantes referem-se a erros e outros ainda nada têm de errado ou de
fraude e a acusação é inteiramente baseada em quote mining. Normalmente estas
abordagens mal dirigidas são apresentadas ao público em sites de cristãos
fundamentalistas*. Aqui vou abordar alguns dos casos que os fundamentalistas
mais adoram.
Os desenhos de
Haeckel: Haeckel exagerou na representação de algumas das semelhanças
presentes em vários embriões que foram comparados por ele num dos seus livros. Mas
as semelhanças estavam lá, apenas foram um pouco retocadas nos desenhos do
Haeckel. E não em todos nem sequer na maioria. Isso não é fraude. Se eu fizer
um desenho daquilo que observo, por exemplo, ao microscópio nunca vais ser
igualzinho ao que lá está. Nem se pode dizer que tenha sido feito de propósito
para convencer os seus pares de que estes eram parecidos do que na realidade
eram, pois os seus outros desenhos que não estavam exagerados já tinham sido vistos
pelos seus pares e não seria provável que conseguisse enganar alguém dessa
maneira. Mais uma vez, não é uma fraude, é apenas uma representação pouco precisa
da realidade que teve muito pouco impacto no consenso científico. A hipótese de
Haeckel da recapitulação não está correcta, no entanto (para além de não ter
nada a ver com os desenhos) os dados da embriologia apoiam a teoria da evolução
(«Nada
em biologia faz sentido excepto á luz da evolução»).
O Homem de Java:
Ocorreu um erro na identificação de um crânio que se pensava ser de um
ancestral do homem. De facto tirar conclusões precipitadas tendo poucos dados
disponíveis não ajuda em nada o progresso científico. Mas também não é nenhuma
fraude. É um erro no processo de investigação. Com o “Homem de Nebraska” e o “Orce
Man” passou-se algo semelhante, mas com partes do corpo diferentes.
O Archaeoraptor:
Neste caso, o fóssil foi mal montado por quem estava a vendê-lo e não pelos
cientistas que o estudaram. Não houve nenhuma fraude, apenas um erro cometido por
camponeses pouco instruídos. A partir daí os cientistas têm estado de
sobreaviso a respeito dos fósseis que lhes chegam. E vários outros fósseis autênticos têm demonstrado a evolução de dinossauros para aves para além do Archaeopteryx.
O “Homem de
Piltdown”: Ainda que o “Homem de Piltdown” tenha sido uma fraude, da
qual não se conhece quem foi o responsável, isso em nada invalida a teoria da
evolução. Não consigo entender esta obsessão dos criacionistas em tentar
espalhar que certas descobertas em particular são fraudes. É que isso não
invalida a teoria. Continuaria a haver montes de evidências reais que dariam
apoio à teoria (as quais eu tenho apresentado ao longo dos meus textos. A teoria é
aceite porque há evidências que se sabe não serem fraudes e que foram bem
estudadas.
*Nota: como exemplo: http://evolutionisntscience.wordpress.com/evolution-frauds/
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