quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A origem do código genético

   Ao fim de alguns anos resolvi voltar a este tema, pois é um tema que me interessa bastante. Comecei a investigar sobre isto apenas para contradizer os criacionistas, mas depois formou-se um interesse genuíno e eu resolvi revisitar o tema.
    O anticodão de 3 bases do RNAt liga-se ao codão de 3 bases complementares do RNA e, para que se formem proteínas a partir dos aminoácidos, o RNA de transferência liga-se com a ajuda das sintetases a um aminoácido especifico, transportando-o até ao ribossoma onde se encontra o mRNA com o "código" da proteína a ser sintetizada. A explicação de como a afinidade dos aminoácidos para o RNA de transferência seria um achado importante para explicar a origem não apenas do código genético, mas da própria vida. Felizmente os cientistas não disseram simplesmente "Deus fez!" para poderem ir fumar um cigarrinho ao café da esquina descansados e em vez disso deitaram mãos ao trabalho e produziram conhecimento comunicado na forma de um artigo científico sobre esse mesmo assunto - o que acontece é que esta afinidade é espontânea sobre certas condições (plausíveis numa Terra primordial), com poucos aminoácidos e pequenas sequências, com uma tradução muito simples que pode ser semelhante às primeiras. Não demonstrando a sua evolução até hoje, mostra-nos como é plausível ter uma origem terrestre (e, claro, natural), a partir de uma forma mais simples... Tudo isto só foi possível de descobrir porque ninguém exclamou "Deus fez" e deixou tudo como estava. É esta a diferença entre a religião (que quer uma explicação fácil mas que provavelmente está errada) e a ciência (em que se produz conhecimento e se tenta dar explicações adequadas, baseadas em evidências).

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Zombies da vida real: será que a consciência emerge da actividade cerebral?

   A ciência sugere fortemente que sim. Neste texto será analisado o caso da síndrome de cotard. Para já a síndrome de cotard é caracterizada pela crença da pessoa de que está de facto morta. 
   Ao olharem para o metabolismo cerebral os cientistas verificaram que em média este estava mais de 20% mais baixo do que o normal num paciente com a síndrome de cotard que afirmava não ter cérebro, sendo também mais baixo que na depressão major. Algumas das regiões cerebrais afectadas incluíam as consideradas responsáveis pelo reconhecimento do "eu". Isto é o mais perto que encontramos de um zombie na vida real, excepto que estes dão-se como mortos. Este caso encaixa e até certo ponto apoia a noção de que a consciência emerge da actividade cerebral e não de qualquer força sobrenatural/divina ou de uma alma humana, pois o paciente não está a agir de uma forma plenamente consciente, pensando mesmo que está morto e que não tem cérebro. Isto é o contrário daquilo em que os católicos e demais cristãos gostam de acreditar de modo a sentirem-se especiais relativamente às outras espécies animais. 

P.S.: Este texto provavelmente terá uma parte II num futuro mais ou menos próximo