Muitos biólogos (não criacionistas) assumem que mutações
deletérias são proibitivas para a evolução e por isso não têm em conta os
benefícios que esse tipo de mutação pode ter. Weinreich et al. (2006) são um exemplo
disso – assumem que as proteínas só podem adaptar-se fixando apenas mutações
benéficas. Já Ortlund et al. (2007), descobriram que a epistase (interacção
entre os genes) permite às proteínas a evolução de novas funções.
Atravessar um período em que os indivíduos são menos aptos
para se reproduzirem pode permitir que a prole chegue a um ponto em que está em
vantagem sobre aqueles que se podiam considerar “bem adaptados” se os custos de
passar por isso não forem muito elevados. Pode-se pensar nisso como atravessar
um vale entre dois picos (são esses os termos utilizados na literatura
científica). Essa ocorrência depende de coisas como a taxa de mutação e a o
tamanho da população.
Se não fossem as mutações deletérias, o que eu descrevi
anteriormente seria impossível de ocorrer e o processo evolutivo seria menos
eficaz. As mutações deletérias afinal até trazem alguns benefícios. Não são
assim tão más.
Simulações realistas tendo em conta certos parâmetros foram
realizadas e deu resultado (*).
Os criacionistas adoram dizer que os vales são
intransponíveis e que a evolução não funciona por isso. Esqueceram-se das
queridas mutações deletérias que tanta falta fazem á evolução.
Nota: Isso pode ser visto aqui: http://pleiotropy.fieldofscience.com/2010/04/bad-mutations-are-good-for-you.html
Referências:
-
Weinreich
DM, Delaney NF, Depristo MA, & Hartl DL (2006). Darwinian evolution can
follow only very few mutational paths to fitter proteins. Science.
-
Ortlund EA, Bridgham JT, Redinbo MR, &
Thornton JW (2007). Crystal structure of an ancient protein:
evolution by conformational epistasis. Science.
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