Um estudo publicado recentemente este ano (1) relata a descoberta
de um novo fóssil com 1,8 milhões de anos na Geórgia (o “crânio 5” ), que é provável pertencer a
uma subespécie de Homo erectus e à mesma espécie de outros encontrados no mesmo local. É uma espécie que se
diversificou, havendo bastante variabilidade entre os seus indivíduos, o que
põe em causa a classificação de outros fósseis em espécies diferentes, como por
exemplo a espécie Homo habilis (*).
A interpretação correcta do que se lê acerca do assunto é a
seguinte: sejam todos os fósseis classificados dentro do género Homo da mesma
espécie (pouco provável) ou não, os fósseis de espécies dos géneros Australopithecus e Homo continuam a evidenciar a evolução a partir de um ancestral
mais semelhante a um chimpanzé ou um bonobo até ao que somos agora. O artigo
trata de detalhes específicos da evolução humana e põe em causa hipóteses muito
particulares acerca da nossa história evolutiva e não a hipótese de que nós
evoluímos de ancestrais mais parecidos com outras espécies actuais de primatas
do que connosco, o que nos liga a estes através de uma coisa chamada
ancestralidade comum.
A interpretação criacionista acerca do que se lê sobre o
assunto é a seguinte: “A teoria da evolução é a única teoria ‘científica’ que
sofre modificações profundas à medida que a ciência vai avançando.” Ou então: “Há
mais de dez anos que tenho ouvido os criacionistas dizerem que o género homo
não passa de uma variação dentro da espécie humana. Os evolucionistas descobriram
algo que todos os criacionistas já sabiam.” Isto parece implicar que eles
pensam que tudo o que pertence ao género homo é da mesma espécie que nós (Homo sapiens), o que está completamente
errado: são espécies diferentes do mesmo género e o registo fóssil continua a
demonstrar que não passamos de primatas (macacos, por assim dizer), mas mais
inteligentes do que os restantes (pelo menos alguns de nós, o que não inclui os
criacionistas). Como sempre, os criacionistas aproveitaram para espalhar
enganos e mentiras, atacando a ciência e os cientistas. Ainda não aprenderam
que isso não lhes serve de nada – os cientistas continuam a fazer ciência e
nada muda relativamente à realidade da evolução.
* Nota: Sobre este assunto, além do artigo científico
citado, existe informação fidedigna para o público leigo no «Panda’s Thumb»: http://pandasthumb.org/archives/2013/10/new-dmanisi-skull.html
Referências:
1. Lordkipanidze
D, Ponce de Leon M. S., Margvelashvili A., Rak Y., Rightmire G.P., Vekua A.,
Zollikofer C. P. E. (2013): A complete skull from Dmanisi, Georgia, and the
evolutionary biology of early Homo. Science, 342:326. (resumo
disponível aqui: http://www.sciencemag.org/content/342/6156/326.abstract)
2. «Darwinismo» - "Crânio com 1,8 milhões de anos põe
em causa história da evolução humana"
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