Esta pode ser difícil de
assimilar para quem não tem background nenhum em genética de populações. Julgo
que também é por isso que os criacionistas engolem tão bem a propaganda da
Gauger e dos seus compinchas do Discovery Institue.
4. É difícil explicar como um caminho
necessário para sobreviver poderia desenvolver-se aos poucos, quando não há
nenhum benefício até que a coisa toda é montada. (Isso é um eufemismo). Talvez
ela estava usando o caminho para outra coisa, alguns diriam, e isso só
aconteceu para fornecer os meios para a simbiose. Nós só seriamos produzidos
num mundo de sorte onde a via para a simbiose fosse montada.
Eu tenderia a
descontar essa história pré-adaptacionista, por ser tão improvável por motivos
darwinianos, não fosse eu um proponente do design inteligente. Existem inúmeros
outros exemplos paralelos a este, apesar de tudo. Nós encontramos genes
pré-adaptados (em inglês) em animais que nunca desenvolveram os planos ou
estruturas do corpo que requerem esses genes. O que eles estão fazendo lá?
Eu sei, eu sei, é
muita merda de uma só vez. Mas mãos à obra, mais uma vez: quem sabe um bocadinho de genética de populações sabe
que não é preciso ser tudo dirigido (por selecção natural ou seja lá por aquilo
que for) para as coisas poderem vir a ser úteis. Mesmo que algo não
sirva para nada no imediato, pode-se ir aguentando na população se não for
prejudicial ou prejudicial o suficiente. Mutações
na sua maioria são neutras, certo? Isso significa que não tem um impacto
significativo nos organismos nem para bem nem para mal. Daí é perfeitamente
esperado que muitas coisas se passem que não sejam úteis nem prejudiciais de
imediato, pelo que demoram mais a sair da população, isto é se saírem alguma
vez. No entanto tudo isto de adaptativo e não adaptativo depende do contexto. O
contexto pode mudar e aquilo que dantes não fazia nada, mas que se aguentou por
não ser prejudicial provavelmente passará a ter algum tipo de impacto (que pode
muito bem ser adaptativo).
Mais: a co-opção é bastante frequente e está envolvida
na evolução de muitas “máquinas” (com
muitas aspas) moleculares.
4.1. Eu posso muito bem aceitar a genética sobre os fundamentos do design
inteligente.
Eu acabei de explicar que a genética diz que não é
preciso designer. Um designer aqui é no máximo redundante, embora admita que
não exclui a possibilidade de haver um designer incompetente que mimetize
processos naturais. No entanto não existe confirmação independente para
a sua existência sequer. E não me venham dizer que o criacionismo do design
inteligente não se foca no estudo do designer, porque design pressupõe a acção
de um designer, a verdadeira explicação que eles procuram dar.
4.2. Aleatoriedade não
é o motor de toda essa sofisticação, nem da informação, que está acima de tudo.
As mutações
aleatórias (consultar o texto sobre probabilidades e evolução proteica) e a
selecção natural, etc. são as únicas causas conhecidas que explicam os factos
da natureza dos seres vivos (sem precisar de designer). Quanto ao designer,
mais uma vez, não existe confirmação independente para a sua existência sequer.
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