Este blog é a continuação do meu velho blog com o mesmo título e vai tratar de assuntos diferentes, como psicologia e neurociências, mas também de evolução como anteriormente, um pouco de filosofia de vez em quando, ateísmo e religião - e isso inclui demolir argumentos criacionistas (e escarnecer deles).
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
Micologia - sintomas físicos e psicológicos
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
Sobre Perturbação Bipolar, Perturbação Esquizoafetiva, Esquizofrenia e valores de QI
Perturbação Bipolar – A P. bipolar com características
predominantemente maníacas está associada a um QI total e verbal superior na
infância (8 anos), e os genes associados a uma predisposição para QI elevado
são os mesmos associados a um maior risco de doença bipolar. Estes factos em
conjunto com várias observações de “génios” criativos com doença bipolar
levam-me a crer que de um
modo geral a doença bipolar está associada à inteligência - incluindo a
inteligência criativa. No entanto é observada deterioração cognitiva neste aspeto,
pois os episódios podem danificar o cérebro.
Perturbação Esquizoafetiva – De um modo geral, existe
uma deterioração do valor geral do QI em 44% da população em pelo menos 10
pontos (partindo do nível pré-mórbido), mas 31% da população mantém um QI
estável entre o normal e o superior. Verificam-se, no entanto, acentuadas diferenças entre os 2 subtipos:
No tipo Bipolar – O QI geral mostrou-se em média apenas
ligeiramente menor que o QI nos pacientes com P. Bipolar (num estudo com
pacientes bipolares, esquizoafetivos e esquizofrénicos); pode-se ainda contar
com o efeito alguma deterioração (em ambos), pois as medições já são feitas
após a sintomatologia se manifestar, mas sabemos que a percentagem da população
bipolar afetada é menor comparativamente à percentagem da população
esquizoafetiva em termos dessa deterioração, pelo que é provável que não haja
uma diferença significativa entre a média dos QI’s das 2 populações. Ainda
assim as médias dos QI’s
foram de 97 e 94 respetivamente para as amostras bipolar e esquizoafetiva (no
estudo em causa), isto é, dentro do intervalo da média da população geral. Não
fica claro, no entanto, qual é o valor de QI total pré-mórbido, pois os
estudos que existem não diferenciam entre esquizofrenia e perturbações
esquizoafetivas.
No tipo Depressivo – Ainda no mesmo estudo, o QI geral mostrou-se em média
bastante menor que o QI nos pacientes com P. Bipolar e P. Esquizoafetiva tipo
bipolar. O QI médio (na casa dos 80) encontra-se abaixo do intervalo da média
da população geral.
Esquizofrenia – Algo semelhante foi observado nos pacientes esquizofrénicos. Estes têm tido resultados de QI comparativamente baixos quer com grupos de controlo, quer com outros pacientes do espectro bipolar/esquizofrenia, tendo sido também encontradas outras alterações cognitivas. Isto, em conjunto com o facto de ter sido descoberto que a esquizofrenia tem mais genes responsáveis associados igualmente com défices cognitivos do que com elevada inteligência leva a crer num défice cognitivo geral (baixo QI, etc.) provocado por alterações neuropsicológicas em comum com a doença. O QI vai sendo reduzido à medida que vai havendo deterioração cognitiva dos pacientes – em média na casa dos 80 é o valor esperado normalmente no início da doença, isto é, com uma idade não muito avançada.
Nota: Existem pacientes esquizofrénicos muito inteligentes - talvez porque fatores ambientais, tais como a educação também são importantes. Há estudos que identificam até mesmo um subgrupo de pacientes “sobredotados”.
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1IYV2CXXAaiK28M9-c0jQOqQlui7ptYWY?usp=drive_link
Sobre Perturbação Bipolar, Perturbação Esquizoafetiva, Esquizofrenia e défices empáticos observados na literatura
Perturbação Bipolar – Está associada a défices na empatia cognitiva e
emocional numa fase eutímica (estável) e a disfunções na empatia cognitiva
durante as fases maníaca e depressiva.
No que respeita à empatia emocional, na fase depressiva não difere do
grupo de controlo e na fase maníaca é verificada uma reação empática aumentada
por parte do paciente.
Perturbação Esquizoafetiva e Esquizofrenia
– Estão ambas associadas,
com défices na empatia cognitiva e emocional (ver em cima as flutuações na
empatia emocional de acordo com as várias fases para a perturbação
esquizoafetiva do tipo bipolar).
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1IYV2CXXAaiK28M9-c0jQOqQlui7ptYWY?usp=drive_link
Sobre a relação entre Perturbações de Personalidade classe B e QI
Perturbação de Personalidade Narcísica – Não existe uma correlação significativa (nem negativa nem
positiva) em geral com os valores de QI total, no entanto houve resultados
mistos entre os estudos. Poderá haver uma maior inteligência cristalizada nestes
pacientes devido à relação entre narcisismo e intelecto (o qual está
relacionado com este tipo de inteligência). Quando os sintomas são muito
severos, poderá haver um défice na inteligência fluída.
Perturbação de Personalidade Borderline – Existe uma correlação negativa
com os valores de QI total,
com défices na parte verbal e de realização, bem como outras alterações
cognitivas. As
alterações nos resultados dos testes de QI são mais bem explicadas pela
suscetibilidade destes pacientes a emoções negativas e ao stress e pela
intensidade dos mesmos na perturbação de personalidade borderline face a
uma situação de avaliação, em vez de um défice cognitivo provocado por
alterações neuropsicológicas em comum com a doença.
Perturbação de Personalidade Histriónica – Não existe correlação
significativa.
Perturbação de Personalidade Antissocial – Não existe uma correlação significativa de um modo geral
com o valor de QI total, apesar de alguns estudos mostrarem uma correlação
negativa pequena ou não significativa o que pode explicar esta correlação
negativa em alguns estudos é o terem utilizado amostras de indivíduos que
cumpriam pena de prisão, pois o baixo QI predispõe para a criminalidade
(sobretudo a criminalidade impulsiva e violenta). Esta variável (QI) estaria a
mediar a relação entre a perturbação de personalidade antissocial e a
criminalidade. Para contrastar com estes resultados, num estudo com uma
população não forense, as características do fator 2, que correspondem à
sintomatologia antissocial de um psicopata, não tiveram qualquer relação
positiva ou negativa com o QI. Quando existem traços psicopáticos, há algumas
variações dignas de atenção:
PP Antissocial +
Psicopatia – Não
existe uma correlação em geral com o valor de QI total, mas nas mulheres
especificamente existe uma correlação positiva. Uma meta-análise indica
apenas uma pequena correlação negativa com os valores de QI, bem como outras
alterações cognitivas. No entanto, os estudos têm sido na maioria feitos com
homens a cumprir pena de prisão. Tem-se ainda verificado que enquanto certas
dimensões da psicopatia estão negativamente correlacionadas com os valores de
QI, outras estão positivamente correlacionadas. Além disso, nem todos os
estudos com reclusos encontraram uma correlação negativa, e um estudo com uma
amostra retirada de uma população não forense revelou que não havia diferenças
significativas entre psicopatas e a população saudável. Também no caso de uma
amostra de mulheres psicopatas retiradas de uma população não forense
observa-se o oposto do que tem vindo a ser observado em prisioneiros, a
associação é positiva, o que significa que as mulheres psicopatas tendem a ser
mais inteligentes. Para terminar, o que pode explicar de novo esta correlação
negativa em alguns estudos é o terem utilizado sobretudo amostras de indivíduos
que cumpriam pena de prisão, pois o baixo QI predispõe para a criminalidade
(sobretudo a criminalidade impulsiva e violenta).
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1bXzGV2N5jWsCKak9fGUj7cLr22hgMvg6?usp=drive_link
Sobre as Perturbações de Personalidade classe B e défices de empatia observados na literatura
Perturbação de Personalidade Antissocial e Narcísica -
amígdala e outras regiões associadas com a empatia e regulação emocional
hipoativas; ínsula hiperactiva, normalmente associada
com a angústia pessoal, dirige a reação e a ação para o “self”. A pesquisa
com questionários sugere défices na empatia compassiva e de empatia cognitiva
para ambas as perturbações. Um caso grave da PP anti-social é a psicopatia, a
qual também tem défice no sentimento de angústia pessoal. Para pacientes
anti-sociais/psicopatas o défice é maior na empatia emocional (empatia
compassiva + angústia pessoal) do que na cognitiva. Volume da amígdala
diminuído em ambos os grupos de pacientes.
Conclusão: Défice de empatia cognitiva e emocional
Perturbação de Personalidade Borderline – população heterogénea com:
1.
Amígdala hiperativa
2.
Amígdala de funcionamento normal
3.
Possibilidade de amígdala hipoativa;
ínsula hiperativa, normalmente associada com a angústia
pessoal, dirige a reação e a ação para o “self”. Outras regiões do cérebro
associadas com o processamento das funções empáticas a nível cognitivo
encontram-se hipoativas durante os estudos. A pesquisa com questionários sugere
normal a deficiente empatia compassiva, elevado nível de angústia pessoal e
défice de empatia cognitiva. De um modo geral, a nível de observação
comportamental, tendem a ser pessoas egoístas e auto-centradas. Volume da amígdala diminuído.
Conclusão: Défice de empatia cognitiva e emocional
Perturbação de Personalidade Histriónica – Há estudos que sugerem défice
de empatia (através por exemplo do défice no reconhecimento das emoções), mas
falta literatura científica nesse aspeto.
Conclusão: Possível défice de empatia.
Nota: O nível de angústia pessoal pode denotar apenas mais
tendência para a ansiedade e sentimentos de angústia de um modo geral e não
significar nada em termos de empatia.
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1bXzGV2N5jWsCKak9fGUj7cLr22hgMvg6?usp=drive_link