domingo, 29 de junho de 2014

Deus é necessário para explicar o universo?

Esta é de sim ou não, e a resposta correcta é... não. Mas vamos passo a passo. Primeiro, temos o argumento do design, em que a probabilidade da vida surgir como a conhecemos é muito pequena, quase impossível. Isso e mais a aparência de projecto, fazia (na opinião dos teístas cristãos) um bom argumento a favor da existência de deus - e ainda há quem diga que deus é necessário para explicar a complexidade da vida. Eis que chega a teoria da evolução para explicar como formas tão improváveis e aparentemente planeadas podiam ter-se desenvolvido (à falta de melhor) para chegar ao que é hoje. Sem deus. Depois, vieram os estudos em química orgânica sobre a origem da vida, que apontam para uma origem natural (discutido anteriormente), ainda que não haja uma teoria completa. Isto praticamente encerrava o assunto, não? Não. Há mais: o universo em si. O universo parece projectado para haver vida, é improvável, tem que ter tido uma causa sobrenatural, nenhum mecanismo natural pode explicar o universo, etc. Errado. E eis que chega a física quântica (da qual eu só percebo a ponta da ponta da ponta do iceberg - e normalmente quem afirma que sabe mais que isso está enganado ou a mentir). Uma coisa eu sei de fonte segura: flutuações quânticas podem dar origem a universos. Vários modelos da origem do universo incluem flutuações quânticas que originam o universo como o conhecemos (a). Nada de deuses, fadas e afins. Há ainda a hipótese do multiverso para explicar o aparente projecto para a existência de vida ("fine-tunning"). E deus está fora. Não é necessário. Nem é uma explicação que possa fazer concorrência: é a pior de todas - pode fazer o que quiser, como quiser e não explica nada. Valeu a pena? Claro que não! As pessoas vão continuar a acreditar que os seus deuses (sobretudo o deus judaico-cristão) são as causas necessárias para tudo e mais alguma coisa. Então, porquê e para quê? Porque me apeteceu, para passar tempo.


Nota:

a.) Ver a hipótese de Linde, que propõe uma “espuma” de fundo do espaço-tempo (onde partículas subatómicas vão aparecendo e desaparecendo), criada a partir de partículas virtuais:http://www.colorado.edu/philosophy/vstenger/Cosmo/FineTune.pdf, ou ainda:
http://debunkingwlc.wordpress.com/2010/07/31/are-vacuum-fluctuation-models-dead/

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