segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

São Tomás e as parvoíces do Francisco Tourinho


No Que treta (http://ktreta.blogspot.pt/2015/02/treta-da-semana-cinco-vias.html), O Ludwig krippahl chama-nos à atenção para a celebração do dia de São Tomás de Aquino, «doutor do cristianismo medieval e tido por muitos cristãos como o expoente máximo da teologia», que demonstrou a existência do deus cristão com cinco argumentos. Como escreve o Ludwig: 

«Por exemplo, tudo o que concretiza o seu potencial precisa de algo que leve esse potencial a concretizar-se. A madeira está potencialmente a arder até que lhe pegam fogo e fica realmente a arder, precisando do fogo para concretizar o seu potencial. Se cada um desses “movimentos” do potencial para o concretizado precisa de algo que o concretize e se ,por sua vez, esse algo tem de ser concretizado por outra coisa, será preciso um concretizador original. Que é Deus, pois claro. Fazendo o mesmo com as causas dá-nos Deus como a causa original, com a perfeição temos Deus como o ser mais perfeito e assim por diante (2). Como manda a tradição escolástica, e como ainda é hábito na apologética e na filosofia da religião, a argumentação de Aquino parte de premissas aparentemente triviais, apresentadas como auto-evidentes, e prossegue com um argumento sofisticado, recorrendo a conceitos complexos e terminologia obscura para chegar à conclusão desejada. A vantagem desta abordagem é tornar o argumento tão hermético que o apologista pode deflectir qualquer crítica focando as minudências da terminologia e acusando o crítico de não perceber os detalhes. Mesmo que sejam irrelevantes. Por exemplo, se alguém questionar porque é que a causa original há de ser um deus e não outra coisa qualquer, o apologista dirá que “causa” é um termo da metafísica aristotélica e que só quem leu Aristóteles em grego e mais umas dúzias de livros sobre o assunto é que pode questionar o que quer que seja. Não resolve o problema apontado mas disfarça a crítica com a ilusão de autoridade.» 

Hum... Isto está a parecer-se com alguém que eu conheço (por assim dizer)... Francisco Tourinho, por onde andas, filho? 
Parafraseando o Francisco: «Você não leu isto, você devia ler acloutro, mimimi», porque eu disse que não há distinção fundamental entre conhecimento à priori e à posteriori (que, para o Francisco parece existir), e que sim, de facto devem ser fornecidas evidências para a existência de deus, necessidade à qual ele tentou escapar com desculpas. E depois criticou-me porque não abordei todos os seus argumentos, ou tudo o que ele falou sobre um dado assunto - basicamente criticou-me sobretudo pelo que eu não abordei. Não era minha intenção abordar isso. Nunca foi. Nem isso, nem ver o debate todo (e já expliquei porquê). E é o meu blog. Se me apetecer escrever sobre merda de macaco, escrevo e não tenho sequer que ler, ter em atenção, ou deixar sem moderação os comentários dele ou de quem quer que seja sobre esse assunto. Moral da história, eu escrevo apenas sobre o que me apetece e o que me apetece. Quem não quiser ler, não leia, quem quiser comentar, não se admire se eu não os levar a sério, ou se eu moderar comentários que são apenas irritantes e sem substância que eu aprecie. 

Bem, voltando ao São Tomás e às suas aventuras. Escreve o Ludwig: 

«Conta-se que, quando a sua família o fechou num quarto com uma prostituta, «ele perseguiu-a com um tronco a arder» e, em seguida,«desenhou uma cruz na parede do quarto e ajoelhou-se em veneração. Imediatamente dois anjos da pureza apareceram e colocaram um cinto angélico à volta da sua cintura. A partir deste dia ele nunca mais sofreu um pensamento ou acção de luxúria em toda a sua vida.»(1) Era, de facto, um indivíduo excepcional.»

Jesus F*cking Christ! Que homem excepcional, mesmo. Até teve a coragem que perseguir uma mulher desarmada com um tronco a arder (eu queria ver se fosse um cavaleiro "pecador" armado de espada). Sim senhor! Mas que belo homem para ser celebrado!


Sem comentários:

Enviar um comentário