sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Homologias

Em biologia existe o conceito de homologia, que designa a semelhança encontrada entre duas características dos seres vivos de espécies diferentes que não são devidas a forças evolutivas ou acaso (ou, já agora, aos caprichos de um obscuro criador comum, mas isso fica para depois). Um estudo do do Douglas Theobald (já citado algures no blog anteriormente) já determinou que este tipo de semelhanças não podem ser devidas ao acaso, e os biólogos são capazes de determinar se estas foram devidas a forças evolutivas (ex.: caso da evolução convergente), até porque esta é rara a nível molecular, sendo normalmente detectada relativamente a características anatómicas. 
Exemplos de homologia são as asas dos morcegos e os membros dos mamíferos terrestres, a pélvis da baleia e a pélvis dos mamíferos terrestres. Em termos de genes, temos o gene da hemoglobina, desde as bactérias, passando por todas as espécies animais, incluindo nós, o qual evoluiu por duplicação de genes e outras mutações, tais como substituição de nucleótidos. 
Agora, quanto ao imaginário criador comum dos criacionistas, este simplesmente não é uma provável explicação. Já expliquei que isso não explica o padrão genealógico geral - que não é observado em objectos/utensílios projectados por humanos, que teriam que existir bastantes coincidências, uma vez que um deus pode fazer de infinitas (ou pelo menos de muitas) maneiras. Agora cito Pedro Amaral Couto, num comentário no Que treta em resposta ao criacionista Jónatas Machado (lembram-se dele? O maluco do código, lembram-se?), pois eu não teria dito melhor:

«eu sou designer e estudei como se faz bom design: sou programador informático profissional, sou desenhador e pintor, construí brinquedos para os meus irmãos e para a minha filha.
Percebo que o argumento dos criacionistas sobre o "Criador comum" deve-se à ideia de reutilização de componentes ou designs, mas esclareço que isso é impossível com a evolução biológica, não é o que se observa nos seres vivos e não é o que significa "homologia" em biologia.
Não existem mamíferos com asas de aves, como o Pégaso, ou um grifo, ou um querubim (como a esfinge), ou uma quimera. Os designers é que imaginam reutilização de partes para transplantar ou injectar noutros objectos ou para criar outros designs - isso é uma boa regra de design (Don't repeat yourself; Don't event the wheel; Keep It Simple, Stupid; ...). Mas, como deve compreender, isso é impossível quando só é possível herdar características dos parentes (não é o caso com retrovírus, que é a excepção que prova a regra).
As asas dos morcegos são cinco dedos enormes, como outros mamíferos. Isso é homologia.
As barbatanas dos cetáceos são mãos com cinco dedos, mais unidos e cobertos por pele (mais do que uma foca). Isso é homologia.
As asas de aves são braços enormes com três dedos minúsculos, como os de dinossauros raptores. Isso é homologia.
As asas de aves em relação aos dos morcegos não é homologia: é convergência. Ou seja, não é uma mera diferença de tamanhos de orgãos, mas são uma solução similar para resolver um problema.
Como podes facilmente verificar, as homologias então apontam para um antepassado comum e se aparentam com designs comuns. Além disso, como o Ludwig afirmou: "não se pode escolher apenas alguns estudos a dedo e se tem de considerar o padrão geral dos resultados".
Sugiro que aprenda a fazer design para aprender melhor sobre o assunto.»

Nota: Mais sobre este assunto aqui: http://ktreta.blogspot.pt/2007/04/miscelnea-criacionista-rvore-da-vida.html; e neste site: http://www.talkorigins.org/faqs/comdesc/section1.html


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