terça-feira, 9 de setembro de 2014

Criacionistas, "adivinhação" e evolução

    Certo criacionista no "Darwinismo" resolveu responder a certos comentários meus sobre a preservação (provavelmente facilitada pela presença de ferro) de tecidos fósseis da seguinte forma:
«Há uma diferença entre ciência e pseudociência, quando se tenta adivinhar algo ignorando o método cientifico e seu item observacional, já não é mais ciência, mas sim pseudociência! Não se pode negar uma possibilidade, e decretar que uma posição é a verdadeira usando de adivinhações, ou seja. utilizar experiencia de tempo de 2 anos, e pressupor que foi a causa de um resultado de supostos 60 (no minimo), é pura adivinhação. Ninguém fabrica remédios trabalhando com adivinhações, mas sim RESPEITANDO o método cientifico.» 
Que comentário mais despropositado… O que tem isso a ver com os meus últimos comentários em específico? Nada, claro. Se ele fala da evolução, os cientistas têm um belo registo fóssil para a evidenciar (como facto), e os meios conhecidos (meios que sabemos com toda a certeza que “existiam” e ainda “existem”) para produzir diversidade (incluindo espécies diferentes, como se vê no registo fóssil) são as mutações, a selecção e a deriva genética – há até casos em que relativamente poucas mutações provocam alterações anatómicas em larga escala. Isso é a parte da teoria, e a partir daí, várias hipóteses em concreto, para vários sistemas moleculares têm sido propostas e evidenciadas. Mais: um facto que sugere que este processo de "modificação" dos descendentes (através de mutações e recombinação, que são inevitáveis com a reprodução) - e claro, as consequências (também inevitáveis) da interacção da diversidade com o meio, é o padrão de semelhanças e diferenças que faz uma árvore genealógica, como seria de esperar se os seres vivos se fossem reproduzindo e divergindo normalmente, com tudo o que é inerente à reprodução, isto é, ao passar das gerações - o registo fóssil mostra-nos divergência de linhagens e é isso que ocorre quando uma população se “separa”, os indivíduos se continuam a reproduzir e, com isso vão aparecendo mutações, vão havendo pressões selectivas distintas, e deriva. E, claro, não existe (ou pelo menos não se encontrou ainda) nada que não possa ser explicado pelos sujeitos do costume (mutações, selecção e deriva). Querem mais? E quem são os criacionistas para falar em "adivinhação"? Eles é que acreditam em deuses, demónios, anjos, etc, sem quaisquer evidências. Eles sim, confiam na adivinhação de pessoas da idade do bronze. Que se f*da a realidade, não é, senhores criacionistas?  

      
      Actualização: Os criacionistas "contra-atacam". O criacionista "Jephsimple", respondeu no seu tom irritante do costume, em parte da mesma maneira, que já me entedia. Uma das coisas que ele escreveu, e a minha resposta: 
    «Os cientistas tem um belo registro fóssil que apoiam a evolução???? Que eu saiba o registro fóssil é monstro que Darwin temia…» - Sim, têm. O registo fóssil mostra-nos mudança ao longo do tempo com formas intermediárias, e divergência de linhagens - e é isso que ocorre quando uma população se “separa”, os indivíduos se continuam a reproduzir e, com isso vão aparecendo mutações, vão havendo pressões selectivas distintas, e deriva. 
      Ainda sobre os fósseis: «http://www.thegrandexperiment.com/whale-evolution.html - Museus cheios de crânios, esqueletos e reconstruções que são falsas» - "Today, the whale hind parts are internal and reduced. Occasionally, the genes that code for longer extremities cause a modern whale to develop miniature legs (known as atavism)." (http://en.wikipedia.org/wiki/Evolution_of_cetaceans#Skeletal_evolution) - O que é que isto evidencia? Talvez aqueles nem fossem os fósseis "certos". E o resto - anatomia e genética? Vai ignorar?  
        Sim, os criacionistas ignoram aquilo que não "cabe" no que diz a sua limitada Bíblia. Mais uma vez, que se f*da a realidade!  

      Actualização (2): O mesmo criacionista que iniciou a discussão comigo respondeu da seguinte forma:
        «Não estava falando de Teoria da Evolução, mas do experimento utilizado na objeção ao tópico, 2 anos não é o suficiente para decretar que o mesmo ocorreu em, no mínimo, 60 milhões de anos. Utilizar isso é pura adivinhação e não ciência. E sobre Teoria da Evolução, não há nada, respeitando o método cientifico, que sustente a transformação molécula-homem absolutamente nada. Utilizar características comuns dentro da diversidade dos seres, como visto nos fósseis, para decretar um ancestral em comum, também passa longe de ciência, é pura interpretação subjetiva, posso dizer que os fósseis mostra um Projetista em comum, ao invés do ancestral. Como falei, não se fabrica remédios a base de adivinhações, e sim respeitando o método cientifico.» - Ao que respondi: 
        «Não estava falando de Teoria da Evolução, mas do experimento utilizado na objeção ao tópico, 2 anos não é o suficiente para decretar que o mesmo ocorreu em, no mínimo, 60 milhões de anos. Utilizar isso é pura adivinhação e não ciência.» Adivinhação é decretar que é porque não tem milhões de anos. Quanto muito não se sabe.
            «E sobre Teoria da Evolução, não há nada, respeitando o método cientifico, que sustente a transformação molécula-homem absolutamente nada. Utilizar características comuns dentro da diversidade dos seres, como visto nos fósseis, para decretar um ancestral em comum, também passa longe de ciência, é pura interpretação subjetiva, posso dizer que os fósseis mostra um Projetista em comum, ao invés do ancestral.» Duas palavras para si: padrão genealógico (atente no “genealógico”, não é um padrão qualquer de semelhanças e diferenças, como entre cadeiras, mesas e bancos, por exemplo).
              Entretanto, não me parece que os cientistas estejam assim com tantas dúvidas sobre se é antigo ou não, e acho que podem encontrar algo que providenciou um modo de preservação excepcional. 

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