sábado, 31 de outubro de 2015

FAQ (Parte IV): Aleatoriedade e Genética de populações

Esta pode ser difícil de assimilar para quem não tem background nenhum em genética de populações. Julgo que também é por isso que os criacionistas engolem tão bem a propaganda da Gauger e dos seus compinchas do Discovery Institue.

4. É difícil explicar como um caminho necessário para sobreviver poderia desenvolver-se aos poucos, quando não há nenhum benefício até que a coisa toda é montada. (Isso é um eufemismo). Talvez ela estava usando o caminho para outra coisa, alguns diriam, e isso só aconteceu para fornecer os meios para a simbiose. Nós só seriamos produzidos num mundo de sorte onde a via para a simbiose fosse montada.
Eu tenderia a descontar essa história pré-adaptacionista, por ser tão improvável por motivos darwinianos, não fosse eu um proponente do design inteligente. Existem inúmeros outros exemplos paralelos a este, apesar de tudo. Nós encontramos genes pré-adaptados (em inglês) em animais que nunca desenvolveram os planos ou estruturas do corpo que requerem esses genes. O que eles estão fazendo lá?

Eu sei, eu sei, é muita merda de uma só vez. Mas mãos à obra, mais uma vez: quem sabe um bocadinho de genética de populações sabe que não é preciso ser tudo dirigido (por selecção natural ou seja lá por aquilo que for) para as coisas poderem vir a ser úteis. Mesmo que algo não sirva para nada no imediato, pode-se ir aguentando na população se não for prejudicial ou prejudicial o suficiente. Mutações na sua maioria são neutras, certo? Isso significa que não tem um impacto significativo nos organismos nem para bem nem para mal. Daí é perfeitamente esperado que muitas coisas se passem que não sejam úteis nem prejudiciais de imediato, pelo que demoram mais a sair da população, isto é se saírem alguma vez. No entanto tudo isto de adaptativo e não adaptativo depende do contexto. O contexto pode mudar e aquilo que dantes não fazia nada, mas que se aguentou por não ser prejudicial provavelmente passará a ter algum tipo de impacto (que pode muito bem ser adaptativo).
Mais: a co-opção é bastante frequente e está envolvida na evolução de muitas  “máquinas” (com muitas aspas) moleculares.


4.1. Eu posso muito bem aceitar a genética sobre os fundamentos do design inteligente.

Eu acabei de explicar que a genética diz que não é preciso designer. Um designer aqui é no máximo redundante, embora admita que não exclui a possibilidade de haver um designer incompetente que mimetize processos naturais. No entanto não existe confirmação independente para a sua existência sequer. E não me venham dizer que o criacionismo do design inteligente não se foca no estudo do designer, porque design pressupõe a acção de um designer, a verdadeira explicação que eles procuram dar.

4.2. Aleatoriedade não é o motor de toda essa sofisticação, nem da informação, que está acima de tudo.

As mutações aleatórias (consultar o texto sobre probabilidades e evolução proteica) e a selecção natural, etc. são as únicas causas conhecidas que explicam os factos da natureza dos seres vivos (sem precisar de designer). Quanto ao designer, mais uma vez, não existe confirmação independente para a sua existência sequer.


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