quarta-feira, 1 de abril de 2015

Vida depois da vida? Ou Experiências de quase-morte são relevantes para o cristianismo?

Bem, por aí circulam relatos de experiências pós-morte. E os crentes, incluindo (e sobretudo) os cristãos (como o Mats no Darwinismo, por exemplo), assumem simplesmente que a única explicação é que há mesmo vida (espiritual, não física) depois da vida - embora, mais uma vez, eu não veja grande relevância para os cristãos, que acreditam numa vida espiritual eterna, ou pelo menos mais longa, não de alguns segundos a minutos, céu e inferno, deus, Jesus como deus/filho de deus, ressurreições, etc. É, para eles (ou devia ser), uma gota no oceano. Bem, mas adiante: encontrei um artigo, que diz muitos disparates, mas diz algumas (poucas) coisas acertadas:  

«Os defensores de teorias materialistas da mente com frequência argumentam que, mesmo quando um EEG é isoelétrico, pode haver alguma atividade cerebral residual em regiões mais profundas do cérebro (por exemplo, tronco cerebral, que não é detectada por causa das limitações deste método)51. Isso é possível, uma vez que a atual tecnologia de EEG no couro cabeludo mede principalmente a atividade de grandes populações de neurônios corticais. No entanto, como Greyson48 aponta, o fundamental é que "a questão não é se existe atividade cerebral de qualquer natureza, mas se existe atividade cerebral da forma específica acordada por neurocientistas contemporâneos como a condição necessária para uma experiência consciente" (p. 4.688). Essa forma de atividade neuroelétrica, que é bem detectada pela tecnologia atual de EEG, está claramente eliminada pela parada cardíaca.» - Eu já tinha pensado que um EEG podia não detectar tudo quanto é actividade cerebral, podendo restar ainda alguma nestes casos e, aqui obtenho a confirmação. E eles dizem "se existe atividade cerebral da forma específica acordada por neurocientistas contemporâneos como a condição necessária para uma experiência consciente". A ênfase é minha por razões óbvias. Disseram bem, "acordada por neurocientistas contemporâneos". Eles também dizem que as EQM (experiências de quase morte) em paragens cardíacas "sugerem que a mente é não local, isto é, não é gerada pelo cérebro e não está confinada a ele ou ao corpo". Eu julgo que "sugerem", é um termo até humilde, e aprecio isso, no entanto, na conclusão eles dizem que "desafia vigorosamente a visão fisicalista" e "suporta" a alternativa, o que eu penso ser um exagero, pela óbvia facilidade em pensar em alternativas "fisicalistas" em conjunto com a facilidade em ver que isso, se alguma coisa, desafia mas é o que sabemos sobre a relação entre funcionamento do cérebro e consciência como apresentada neste contexto. Para mim, a perspectiva e a abordagem deles está bastante incompleta. Se os relatos são de confiar, se alguma coisa é para ser questionada, é muito mais que simplesmente "a mente vem do corpo e não pode existir sem ele?". É também a noção que os "neurocientistas contemporâneos" têm do que é preciso para que isto aconteça, por exemplo. Se alguma coisa, eles deviam ter dito: "As EQM deixam várias e vários tipos de questões em aberto, tais como: [exemplos - até podiam usar o exemplo da sobrevivência da mente para sem o corpo]. Uma revisão da literatura encoraja que se investigue mais sobre o assunto".

Agora, uma última questão, e esta é bastante fácil de responder: será que devíamos tornar-nos cristãos ou mesmo teístas, ainda que considerando a opção mais extrema de que "a mente é não local, isto é, não é gerada pelo cérebro e não está confinada a ele ou ao corpo"? Claro que não. A existência de algum tempo de vida depois da morte não prova que existe céu, inferno, julgamentos pós-morte, deuses, que Jesus é deus/filho de deus, que ressuscitou, sequer que isso é possível sem assistência médica, etc. 

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