Este blog é a continuação do meu velho blog com o mesmo título e vai tratar de assuntos diferentes, como psicologia e neurociências, mas também de evolução como anteriormente, um pouco de filosofia de vez em quando, ateísmo e religião - e isso inclui demolir argumentos criacionistas (e escarnecer deles).
terça-feira, 28 de maio de 2024
Esquizofrenia e inteligência: desconstruindo o equivoco do esquizofrénico burro (e do génio esquizofrénico)
domingo, 14 de janeiro de 2024
As origens do universo
Was The Universe Born From Nothing? (Vídeo)
Evolução dos peixes do Deserto e a improbabilidade de Deus
https://fb.watch/pzAW4qwOJA/ - Nos desertos da vida, deixe a resiliência e a adaptabilidade serem sua bússola. Navegue pelas adversidades como um peixe do deserto, encontrando caminhos únicos para prosperar. (Vídeo sobre a evolução dos "peixes do deserto").
«Enquanto os criacionistas se regozijam por terem sido criados, tal como são hoje, num jardim encantado, ao qual chamam de jardim de éden, este peixe prova a todos os viventes que a fé cega e não deixa ver a realidade irrefutável, já que todos os viventes evoluíram e não se criaram como são hoje. No caso deste peixe e seus antepassados, uma transformação ambiental geológica fez com que nessa região a areia dividisse a água onde viviam seus antepassados primitivos. Alguns desses peixes corajosos fizeram-se à vida em vez de ficarem rezando para a sua própria imaginação. Hoje, temos alguns exemplares desse peixe que aprendeu a viver na areia e na água. Estes peixes vivem na terra e no mar, mas todos os mamíferos que hoje vivem no mar já viveram durante milhões de anos na terra, tal como esse. Lembrava baleias e todos os outros mamíferos. Seria bom que os mais controlados pela sua fé tivessem em conta essas proezas reais ao longo da história do nosso planeta Terra.»
Deixo aqui apenas um breve comentário: A verdade é que muitos dos processos necessários à evolução e propostos pela teoria da evolução são observados na natureza atualmente (em maior ou menor escala), o que realmente não se observam são deuses a criarem seres vivos e planetas, etc. Não vivemos num mundo comandado por deuses - basta olhar à nossa volta e verificar que mesmo quando falta explicação, nada parece apontar para a intervenção divina na natureza. A Natureza, ao contrário do que muitos pensam é caótica - a tal informação de que tanto falam os criacionistas, avaliando as coisas friamente vem do caos (com alguns ajustes da seleção natural, a qual é em si produto do caos também).
Se, no fundo, algo com muita informação é apenas algo pouco provável de existir, então uma série de mutações neutras que acabam por acumular podem produzir bastante informação se dermos tempo suficiente e considerarmos todo um genoma, toda uma população, durante várias gerações (e acrescentarmos a ação da seleção natural). Uma duna de areia tem muita informação e veio de onde? De processos de erosão e deposição eólica, fundamentalmente. Caos.
Não digo que não existam a chamadas "leis" da física, mas de novo analisando friamente, isso é apenas como nós humanos as batizamos... tal como o código genético que os criacionistas tanto gostam (ou pelo menos gostavam) de dar como exemplo de "prova de que fomos criados". São (falivelmente) descritivos do que acontece na natureza quer em termos físicos quer em termos bioquímicos, respetivamente. Não são prescritivos.
Adenda: As leis de Newton possuem limites Caso a velocidade do objeto analisado seja muito próxima ou igual à velocidade da luz, as leis de Newton perderão a sua validade e deverão ser substituídas pela aplicação das propostas relativísticas de Einstein.
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
Micologia - sintomas físicos e psicológicos
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
Sobre Perturbação Bipolar, Perturbação Esquizoafetiva, Esquizofrenia e valores de QI
Perturbação Bipolar – A P. bipolar com características
predominantemente maníacas está associada a um QI total e verbal superior na
infância (8 anos), e os genes associados a uma predisposição para QI elevado
são os mesmos associados a um maior risco de doença bipolar. Estes factos em
conjunto com várias observações de “génios” criativos com doença bipolar
levam-me a crer que de um
modo geral a doença bipolar está associada à inteligência - incluindo a
inteligência criativa. No entanto é observada deterioração cognitiva neste aspeto,
pois os episódios podem danificar o cérebro.
Perturbação Esquizoafetiva – De um modo geral, existe
uma deterioração do valor geral do QI em 44% da população em pelo menos 10
pontos (partindo do nível pré-mórbido), mas 31% da população mantém um QI
estável entre o normal e o superior. Verificam-se, no entanto, acentuadas diferenças entre os 2 subtipos:
No tipo Bipolar – O QI geral mostrou-se em média apenas
ligeiramente menor que o QI nos pacientes com P. Bipolar (num estudo com
pacientes bipolares, esquizoafetivos e esquizofrénicos); pode-se ainda contar
com o efeito alguma deterioração (em ambos), pois as medições já são feitas
após a sintomatologia se manifestar, mas sabemos que a percentagem da população
bipolar afetada é menor comparativamente à percentagem da população
esquizoafetiva em termos dessa deterioração, pelo que é provável que não haja
uma diferença significativa entre a média dos QI’s das 2 populações. Ainda
assim as médias dos QI’s
foram de 97 e 94 respetivamente para as amostras bipolar e esquizoafetiva (no
estudo em causa), isto é, dentro do intervalo da média da população geral. Não
fica claro, no entanto, qual é o valor de QI total pré-mórbido, pois os
estudos que existem não diferenciam entre esquizofrenia e perturbações
esquizoafetivas.
No tipo Depressivo – Ainda no mesmo estudo, o QI geral mostrou-se em média
bastante menor que o QI nos pacientes com P. Bipolar e P. Esquizoafetiva tipo
bipolar. O QI médio (na casa dos 80) encontra-se abaixo do intervalo da média
da população geral.
Esquizofrenia – Algo semelhante foi observado nos pacientes esquizofrénicos. Estes têm tido resultados de QI comparativamente baixos quer com grupos de controlo, quer com outros pacientes do espectro bipolar/esquizofrenia, tendo sido também encontradas outras alterações cognitivas. Isto, em conjunto com o facto de ter sido descoberto que a esquizofrenia tem mais genes responsáveis associados igualmente com défices cognitivos do que com elevada inteligência leva a crer num défice cognitivo geral (baixo QI, etc.) provocado por alterações neuropsicológicas em comum com a doença. O QI vai sendo reduzido à medida que vai havendo deterioração cognitiva dos pacientes – em média na casa dos 80 é o valor esperado normalmente no início da doença, isto é, com uma idade não muito avançada.
Nota: Existem pacientes esquizofrénicos muito inteligentes - talvez porque fatores ambientais, tais como a educação também são importantes. Há estudos que identificam até mesmo um subgrupo de pacientes “sobredotados”.
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1IYV2CXXAaiK28M9-c0jQOqQlui7ptYWY?usp=drive_link
Sobre Perturbação Bipolar, Perturbação Esquizoafetiva, Esquizofrenia e défices empáticos observados na literatura
Perturbação Bipolar – Está associada a défices na empatia cognitiva e
emocional numa fase eutímica (estável) e a disfunções na empatia cognitiva
durante as fases maníaca e depressiva.
No que respeita à empatia emocional, na fase depressiva não difere do
grupo de controlo e na fase maníaca é verificada uma reação empática aumentada
por parte do paciente.
Perturbação Esquizoafetiva e Esquizofrenia
– Estão ambas associadas,
com défices na empatia cognitiva e emocional (ver em cima as flutuações na
empatia emocional de acordo com as várias fases para a perturbação
esquizoafetiva do tipo bipolar).
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1IYV2CXXAaiK28M9-c0jQOqQlui7ptYWY?usp=drive_link
Sobre a relação entre Perturbações de Personalidade classe B e QI
Perturbação de Personalidade Narcísica – Não existe uma correlação significativa (nem negativa nem
positiva) em geral com os valores de QI total, no entanto houve resultados
mistos entre os estudos. Poderá haver uma maior inteligência cristalizada nestes
pacientes devido à relação entre narcisismo e intelecto (o qual está
relacionado com este tipo de inteligência). Quando os sintomas são muito
severos, poderá haver um défice na inteligência fluída.
Perturbação de Personalidade Borderline – Existe uma correlação negativa
com os valores de QI total,
com défices na parte verbal e de realização, bem como outras alterações
cognitivas. As
alterações nos resultados dos testes de QI são mais bem explicadas pela
suscetibilidade destes pacientes a emoções negativas e ao stress e pela
intensidade dos mesmos na perturbação de personalidade borderline face a
uma situação de avaliação, em vez de um défice cognitivo provocado por
alterações neuropsicológicas em comum com a doença.
Perturbação de Personalidade Histriónica – Não existe correlação
significativa.
Perturbação de Personalidade Antissocial – Não existe uma correlação significativa de um modo geral
com o valor de QI total, apesar de alguns estudos mostrarem uma correlação
negativa pequena ou não significativa o que pode explicar esta correlação
negativa em alguns estudos é o terem utilizado amostras de indivíduos que
cumpriam pena de prisão, pois o baixo QI predispõe para a criminalidade
(sobretudo a criminalidade impulsiva e violenta). Esta variável (QI) estaria a
mediar a relação entre a perturbação de personalidade antissocial e a
criminalidade. Para contrastar com estes resultados, num estudo com uma
população não forense, as características do fator 2, que correspondem à
sintomatologia antissocial de um psicopata, não tiveram qualquer relação
positiva ou negativa com o QI. Quando existem traços psicopáticos, há algumas
variações dignas de atenção:
PP Antissocial +
Psicopatia – Não
existe uma correlação em geral com o valor de QI total, mas nas mulheres
especificamente existe uma correlação positiva. Uma meta-análise indica
apenas uma pequena correlação negativa com os valores de QI, bem como outras
alterações cognitivas. No entanto, os estudos têm sido na maioria feitos com
homens a cumprir pena de prisão. Tem-se ainda verificado que enquanto certas
dimensões da psicopatia estão negativamente correlacionadas com os valores de
QI, outras estão positivamente correlacionadas. Além disso, nem todos os
estudos com reclusos encontraram uma correlação negativa, e um estudo com uma
amostra retirada de uma população não forense revelou que não havia diferenças
significativas entre psicopatas e a população saudável. Também no caso de uma
amostra de mulheres psicopatas retiradas de uma população não forense
observa-se o oposto do que tem vindo a ser observado em prisioneiros, a
associação é positiva, o que significa que as mulheres psicopatas tendem a ser
mais inteligentes. Para terminar, o que pode explicar de novo esta correlação
negativa em alguns estudos é o terem utilizado sobretudo amostras de indivíduos
que cumpriam pena de prisão, pois o baixo QI predispõe para a criminalidade
(sobretudo a criminalidade impulsiva e violenta).
Link para uma pasta com a bibliografia consultada: https://drive.google.com/drive/folders/1bXzGV2N5jWsCKak9fGUj7cLr22hgMvg6?usp=drive_link