quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O que o Francisco Tourinho devia ler sobre conhecimento a priori


Certamente que quem acompanha este famigerado (para alguns) blog, sabe do debate entre o Francisco Tourinho e um oponente ateu (o Antônio Miranda). Confesso que passei algumas partes à frente (é que o Francisco Tourinho dá-me tédio), mas revi agora uma pequena parte em que ele falava do conhecimento à priori numa tentativa de contrapor o que o António disse (e muito bem) sobre o facto de precisarmos de evidências de modo a determinar se uma hipótese corresponde à realidade - de outro modo, não seriam necessárias análises laboratoriais para pesquisa de marcadores tumorais (o cancro existiria no paciente porque o médico achou que sim e pronto, e por isso pode encher o paciente de medicamentos com efeitos secundários terríveis, etc.). Eis o que ele (Francisco Tourinho) precisa de ler:

(clicar na imagem)
Que Treta!
Pelas minhas contas, este é o 400º post desta rubrica.
Era para ser sobre o Gustavo Santos, mas vou deixá-lo
para o 401º e ressuscitar a discussão sobre o
conhecimento a priori. Não só para evitar estragar a
efeméride com o Gustavo Santos mas também porque
descobri que 71% dos filósofos julgam que o…

O mais importante é que a diferença que os filósofos apresentam entre conhecimento a posteriori e a priori é ilusória - em qualquer dos exemplos que se apresentem são sempre necessários dados/observações empíricas: 

«O conhecimento é a priori se puder ser obtido sem dados empíricos adicionais e a posteriori se for necessário obter mais dados. Um exemplo clássico de conhecimento a priori é “nenhum solteiro é casado”. Para um dado conceito de solteiro e casado, esta afirmação é evidentemente verdadeira mesmo sem ser preciso perguntar aos solteiros se são casados. Um exemplo de conhecimento a posteriori será “nenhum corvo é branco”. Para um certo conceito de corvo, não é evidente se isto é verdade ou não e precisamos de ir observar corvos para tentar testar a hipótese. 
Mas esta distinção é ilusória porque a compreensão de todos os conceitos depende de dados empíricos e o que caracteriza uma proposição como verdadeira a priori é simplesmente a decisão arbitrária de considerar que a informação necessária para concluir que é verdadeira faz parte dos conceitos. Vou dar alguns exemplos deste problema. Primeiro, “nenhum solteiro é casado”. A experiência da Ana levou-a a formar um conceito de solteiro com sendo o de uma pessoa que não é casada. Assim, a Ana não precisa de mais informação para concluir que a afirmação é verdadeira. Mas o Pedro é advogado e trata de muitos casos de emigrantes e imigrantes. Na experiência dele, uma pessoa pode ser casada num país mas esse casamento não ser legalmente reconhecido noutro, onde é considerada solteira. Portanto, para o Pedro, essa afirmação não é verdadeira. É possível alguém ser solteiro e casado ao mesmo tempo.»

Adenda: Mais do mesmo autor sobre filosofia (desta vez sobre a crença básica segundo Plantinga): http://ktreta.blogspot.pt/2014/07/plantinga-1-crenca-basica.htmlhttp://ktreta.blogspot.pt/2014/02/treta-da-semana-passada-os-argumentos.html 

2 comentários:

  1. Aí depois de ler esse artigo vejo que não entendeu bulhufas alguma do que eu disse. Eu posso até não entender de genética, (como vc disse), mas vc demonstrou com esse artigo ser uma total ignorante em filosofia! É triste!

    Se quiser entender um pouco sobre a tese de Heráclito do "Tudo é movimento" no qual eu baseio meu argumento e que vc nem sequer tocou pq nunca ouviu falar nisso e é uma completa ignorante e o da basicalidade da fé, que foi o argumento usado para só depois disso falar sobre o argumento a priori, que por sinal vc o distorceu inteiro e falou coisa com coisa, pode dá uma lida nesse artigo escrito por mim onde eu explico o argumento que usei.
    http://questoesultimas.blogspot.com.br/2014/01/existem-provas-da-existencia-de-deus.html

    É claro que com seu nível que conhecimento em filosofia dificilmente entenderá, mas vale a pena tentar, não dói não!

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    1. primeira coisa: eu não pretendia abordar todos os seus argumentos ou o debate inteiro, visto que por falta de tempo (e por você me dar um tédio de morte) passei partes à frente. Resolvi apenas abordar a parte do conhecimento a priori. Segundo: o texto a azul (sobre isso exactamente) não é meu. É do professor Ludwig Krippahl. Eu transcrevi uma pequena parte e deixei o link porque me pareceu fazer sentido. Pense duas vezes antes de insultar, porque não tenho feitio para aturar isso e vou começar a moderar comentários que demonstram uma falta de compreensão da situação que criticam.

      Maria Teodósio

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